quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Quem sabe faz a hora

Toda manhã eu acordo e peço que meu dia seja bom. Faço isso diariamente e mesmo assim coleciono vários dias péssimos. Todo réveillon eu como 12 uvas, estouro champagne e recebo vários desejos de feliz ano novo. Também já tenho alguns anos bem ruinzinhos para contar história. De todas as milhões de pessoas no mundo que rezam, pedem e fazem rituais para trazer sorte, quantas tiveram problemas de saúde, morreram, viveram dilemas familiares, violência, sofrimentos etc...? Muitas, né?

Diante disso, a que conclusões podemos chegar?

a) Não estamos pedindo direito, com toda a força e fé possíveis.
b) É tudo uma grande bobagem para esconder nossas frustrações atrás de um
otimismo cômodo.
c) Tem gente que acredita mesmo em superstição e tem até um certo TOC.
d) Manu, você é mesmo uma pessimista incurável.

Sem desmerecer nenhuma das alternativas, pois cada uma tem seu fundo de verdade, eu acho mesmo é que somos muito pretensiosos. E sabe o que mais? Temos mais é que ser mesmo. Já escrevi N posts falando de atitude porque acredito no poder do ser humano de mover montanhas e causar rebuliços. Acredito nisso acima de qualquer fé, doutrina, deus e religião. Somos nós que fazemos o mundo, nossa vida e nosso destino.

Não é crime nenhum desejar um dia agradável e um ano fantástico, seja lá de que forma for. Também é permitido aceitar os beijos e abraços na hora da virada e distribuir votos de felicidade às pessoas queridas. Se você não comer as uvas, não vestir branco, não guardar as sementes de romã ou não conseguir pular as sete ondinhas, não tem problema. Não vai ser por causa disso que seu ano vai ser ruim. O segredo é só manter os pés bem enfiados na areia depois.

Em 2011 não espere. Faça acontecer!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Click!


Eu odeio fins. Odeio com toda a minha força. Mas a cada dia eu aprendo um pouquinho mais a lidar com eles, mesmo tendo consciência de que nunca vou me acostumar 100%. E por saber que tudo é finito, adquiri o hábito de "fotografar" alguns momentos. Aqueles raros que a gente sabe que não se repetirão nunca mais. E se não sabe, sente que é uma beleza. Alguns podem não significar um fim, e sim um começo, mas são tão especiais que merecem ser lembrados por toda a vida. E afinal, nada se repete. Tudo acaba para recomeçar de outra forma.

Eu costumo olhar fixamente todos os detalhes de cenas importantes a fim de registrá-los no consciente e nunca mais esquecer. Tento decorar as imagens, os rostos, o cheiro, o sabor... E só há uma forma de conseguir: sentindo. Vivendo com força, entende?

O primeiro e último beijo em alguém que mora muito longe e que você sabe que não verá mais; a emoção da sua entrada de véu e grinalda no dia do seu sonhado casamento; o rostinho do seu filho na primeira vez que vocês se viram ainda na sala de parto; a intensidade do abraço de um amigo que vai embora; o contexto da primeira vez que você encontrou o amor da sua vida, a roupa que vocês usavam, o que cada um falou, quem estava perto; a textura do braço gostoso da sua bisavó; a cor do mar da sua cidade preferida...

Quisera eu conseguir sempre fazer esses registros. A vida é tão conturbada que as cenas mais lindas muitas vezes passam sem a gente se tocar. Eu tenho a mania de querer lembrar a fala exata de algumas pessoas para não esquecer o que elas sentem. Raramente consigo. Sempre falta um detalhe importante ou então a bagunça do tempo faz tudo ficar embaralhado.

A vida é um eterno recomeço. Todo segundo é um começo e todo próximo segundo é um fim. É preciso apenas entender o que merece ser registrado. Câmeras a postos?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A sorte de um amor tranquilo


Você me conhece e conhece bem. Sabe que não pode me deixar ir, pois sou exatamente tudo aquilo que você queria. Seu sorriso de fechar o olho não te deixa negar. Por menor que fique, faz crescer toda a verdade que você tentou esconder em vão.

Com seu carinho infantil eu me vejo a criança mais distraída. É muito amor derramado em minutos de dengos. Rio do seu riso que ri da minha impaciência. No final, tudo vira uma grande brincadeira que faz eu me perguntar por que preciso ser assim.

Não tem como não acreditar no que você fala. Sua voz melosa, porém firme me deixa sem saída. A minha, rouca e feroz, emudece diante da segurança que ganhei como um presente embrulhado à mão com todo o cuidado do tempo.

Com você eu olho sempre para frente. Nada me desvia o olhar, mas tudo me dá medo. Tudo que é lindo demais é frágil. Precisa ser mantido com a delicadeza que só você sabe ter em contraste à minha inquietude. Só com você que minha necessidade natural de cuidar descansa um pouco e me permite ser cuidada por um amigo apaixonante.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Passando da hora

Já nos livramos do espartilho, conquistamos o voto e o direito de trabalhar fora de casa, "queimamos" sutiãs, fizemos uma revolução sexual, chegamos a cargos de chefia e até à Presidência da República. Mas e você amigo homem? Qual foi o seu progresso?

A mulher já evoluiu e continua evoluindo em tudo o que pode. Às vezes demora um pouco, mas a gente acaba conseguindo. Só falta você, caro macho predador, começar a sair da mesma posição engessada de escolher, talvez inconscientemente, enrolar-se com o mesmo tipo de mulher.

Nossa cabecinha já mudou. Estamos mais livres, mais abertas, menos cheias de amarras. Paramos de perdoar traições e de aceitar maus tratos, já conseguimos descontar tudo na mesma moeda, a botá-los para trocar fralda... Mas parece que não tem jeito e vocês continuam escolhendo as certinhas e as mais complicadas. Salvo raríssimas exceções, ainda escuto muitos homens dizerem: "essa aí todo mundo já pegou", "aquela lá não serve para namorar". Voltamos no tempo, é isso?

Tudo bem. Vai que a menina é de família, educada, discreta e tem fama de santinha. O cara só quer se tiver um item complicador na história. Se der tudo certo, parece que fica sem graça. É sempre preciso ter um namorado na jogada, um pai militar, um intercâmbio no Japão ou simplesmente uma "cudocice" básica de menina mimada.

Juro como não entendo. Vocês são contraditórios, pois parecem gostar de desafios, mas ao mesmo tempo são todos covardes e fogem como ratinhos no primeiro problema. Como li numa coluna escrita por um homem semana passada, "a coragem masculina é firme feito paçoquinha. Esfarela num sopro". Vocês mesmos sabem disso.

Decidam-se e encontrem um foco. Ou pelo menos virem o disco. Esse discurso já deu. Chegou a hora de uma revolução masculina e uma queima de cuecas boxer em bares públicos. Mudem seus pensamentos. Esse já não cola mais. A gente promete que faz um draminha bacana de vez em quando.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Porão do Coração 4

O vídeo de hoje tem gostinho de saudade. Eu era pequenininha quando presenciava meu pai ouvindo o LP (sim!) de Grease - Nos Tempos da Brilhantina. Acabei escutando e aprendendo todas as músicas por tabela. Ele e minha mãe até fizeram uma festa temática dos anos 50 para reunir os amigos quando eu tinha uns três anos.

Sou muito fascinada por essa época em que as meninas começaram a usar calças, namorar com quem quisessem, dançar rock sem medo e mascar chiclete para parecerem moderninhas. Tenho a impressão que o mundo era preto e branco até a virada da década de 50 e começou a ficar colorido exatamente aí. Vai entender!

Sempre digo que queria ter sido adolescente nesse tempo, mesmo sabendo, no fundo, que eu não teria sido feliz. Mas eu queria (e ainda quero) usar essas saias longas e rodadas de bolinha, óculos de gatinha e rabo de cavalo preso com fitas de cetim. Lindo demais, Brasil!

Grease é um dos meus xodós cinematográficos e o DVD foi um dos primeiros presentes que alguém especial me deu. Não sou do tipo que assiste a um mesmo filme várias vezes, mas esse merece!



É, Sandy, as coisas não mudaram...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Numa moldura clara e simples..."

Finalmente meus impulsos decidiram parar de me trair. Acho que entenderam meus recados e meus apelos. Não, eu não me odeio, mas tenho consciência do que mereço melhorar.

Tem sido cada vez mais difícil eu me arrepender. Remorso é um dos piores sentimentos e eu não desejo a ninguém, a não ser a alguém que tenha me machucado.

Apesar desse espírito de porco meio vingativo supracitado, eu sou uma pessoa boa. Muitas vezes até demais. Prefiro dormir tranquila, ter a consciência leve e pecar por ser bobinha do que seguir pelo caminho fácil e previsível de querer ser fodinha igual ao resto.

Eu já quis ser o resto, já quis ser igual, já quis ser fodinha... Nunca consegui e finalmente me conformei. Seguindo meus impulsos sinceros, e muitas vezes incompreendidos, fica mais fácil explicar o que eu sou e o que eu quero. Afinal, sou eu mesma falando de quem eu mais conheço. Tenho cara de decidida, mas não sou. Entretanto, a cada dia a razão se apodera da situação e tenta me fazer coerente com a atitude que aparento.

Quero ser lembrada por não conseguir ser diferente mesmo; por ser uma autêntica irritante de uma intensidade que incomoda; por ser um doce tão azedo, segundo uma amiga.

É...nada mais original do que a incoerência.

sábado, 20 de novembro de 2010

Te quiero, Barcelona!


"Porque es tan fuerte
que sólo podré vivirte
en la distancia y escribirte
una canción.
Te quiero, Barcelona..."


Há pouco mais de 12 anos eu me apaixonei à primeira vista por essa cidade. Na época não sabia explicar o porquê. Era como paixão mesmo, que não se explica e não se entende. A única coisa que tinha em mente quando voltei era que queria aprender espanhol e um dia voltar para estudar, morar ou simplesmente visitar.

Mesmo com o espanhol aprendido não deu para realizar exatamente todos os meus desejos devido às circunstâncias dessa vida de meu Deus. Mas eu nunca tirei da cabeça que ainda voltaria a Barcelona para tentar entender o motivo de tanto amor.

Finalmente eu voltei e entendi tudo. Em Barcelona eu me sinto em casa. É praia, calçadão, clima de férias, sol, pessoas atenciosas, alegres, falantes... Depois de arranhar no inglês em três cidades seguidas, ouvir gente falando espanhol foi música para os meus ouvidos. E foi ótimo poder exercitar e ver que eu ainda lembro de muita coisa e me viro fácil.

Barcelona não é linda apenas por suas belezas naturais. Antoni Gaudí fez da cidade um verdadeiro museu ao céu aberto. La Pedrera, Sagrada Família, Parc Guell, Casa Batlló e tantas obras belíssimas que chamam a atenção até dos mais leigos. Em lugar nenhum no mundo se vê uma arquitetura tão peculiar como na capital catalã. Tudo isso sem falar na paella, nas tapas e nas jarras de sangria bem gelada e na movimentação diária das Ramblas. É gente de todo canto do planeta, todas as cores, culturas e loucuras, artistas de rua, restaurantes, bares, bancas e lojinhas. Lindo de viver!

Diferente da outra vez em que estive lá, agora pude acompanhar mais do cotidiano de Barcelona, passando por escolas, universidades, praças, paradas de "autobus".... Só fiquei ainda mais apaixonada.

A cultura espanhola como um todo me encanta. O cinema, a música, a grandiosidade e o simbolismo da dança flamenca, a culinária.... Toda a Espanha é fantástica, mas Barcelona é meu xodó e eu divido ele com vocês.

Fato marcante: eu estive em Barcelona e isso já é marcante demais pra mim.

sábado, 13 de novembro de 2010

We always have Paris


Sim, nós sempre teremos Paris. Ela está lá pra quem quiser ver, sentir e ouvir. É, porque Paris é uma cidade para se apreciar até dizer chega. Não vá esperando uma super vida noturna e pessoas simpaticíssimas. Vá à capital francesa para encher os olhos e se sentir em um filme.

Paris é enorme, grandiosa, estonteante, charmosa, romântica e iluminada. De todos os cantos se vê paisagens, belíssimas obras, uma arquitetura fina e clássica e pessoas bonitas sempre muito bem vestidas e com hábitos de gente importante, nem que realmente não sejam.

Quando estou em Paris sinto a necessidade de respirar fundo o ar. De ficar olhando pra Torre Eiffel sem parar, esperando cair a ficha de onde eu estou. Tudo é lindo, tudo é enorme, tudo é ponto turístico e tem uma história por trás. Bendito seja Napoleão!

E, por favor, não reclamem que os parisienses são arrogantes. Eles podem! Afinal, eles moram em Paris!

Fato marcante: Por incrível que pareça, foi o lugar onde comemos pior. Não sei se demos azar, mas enfim... Logo no primeiro dia, um garçom maldito nos sugeriu um prato, um tal de "steak tartare". Quando chegou, era um enorme bife de filé mignon cru com um ovo, também cru, em cima.

domingo, 7 de novembro de 2010

Amsterdã!


Lindíssima. É assim que descrevo Amsterdã. Com toda a sua fama de terra sem lei, de gente maluquinha e muita farra, a capital holandesa é bem diferente das outras cidades europeias que conheço. Não só pela arquitetura e a língua, mas pelo jeitão do povo holandês. Não são pessoas tão calorosas como os londrinos, mas possuem um estilo de vida bem peculiar. A bicicleta é um importantíssimo meio de transporte e a impressão que dá é de que todos os habitantes têm uma magrela. Amsterdã conta com uma ciclovia por toda a sua extensão e é muito comum ver pessoas pedalando e falando ao celular simultaneamente. Há semáforos e faixas de pedestre exclusivas para os ciclistas e, mesmo assim, é uma loucura só. Confesso que aluguei uma bike para tentar e morri de medo. A ciclovia é super estreita (não tem nem um metro de largura, mas passam duas bicicletas e até motos) e o pessoal anda muito rápido. Fora que fazia uns 15 anos que eu não pegava num guidom. Aí já viu a presepada, né?

A noite é realmente agitada. Fiquei impressionada como pessoas mais velhas curtem a night da cidade. Em um pub que fomos em plena quarta-feira, contei vários senhores e senhoras com seus 40/50 anos bebendo e dançando como se não houvesse amanhã. Animação de dar inveja a muito garotão por aí.

Amsterdã estava ainda mais linda com o colorido das folhinhas amarelas de outono que se misturavam aos pequenos prédios e casas de tijolinhos marrons. Um clima bucólico contrastando com a galera muito doida pelas ruas.

Fato marcante: o cheiro de maconha que senti assim que saí da estação de trem logo na chegada à cidade, e uma doidinha querendo tirar foto com um baseado na mão.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

It's London, baby!


Já tinha ido à Europa em 1998, quando fiz 15 anos e preferi trocar a festa e a viagem à Disney por 33 dias no Velho Continente. Enquanto todas as minhas amigas queriam ver o Mickey, eu queria ver a Monalisa.

Doze anos depois, estou de volta. Esses quatro dias em Londres foram muito pouco para tantas surpresas que tive. Meu olhar hoje é outro e só agora eu percebi como os londrinos são os nórdicos mais latinos que eu já vi na vida. Educados, calorosos e simpáticos, estão sempre dispostos a ajudar mochileiros perdidos e dizendo aquele "sorry" bem lindo e carregado quando esbarram de leve em você.

Apesar do frio que ficou pequeno diante de tanta gente bonita, tantas misturas de culturas, línguas e atitudes, cada caminhada, cada pessoa, cada olhar e cada imagem ficaram guardadas com muito carinho. Londres é uma cidade musical. Não era pra menos, né?

Fato marcante: um guardinha na entrada da O2 Arena me viu com cara de perdida de longe, chamou-me sem eu ter dado nenhum pio e disse: "Are you from Brazil?" É... parece que está escrito na testa. Ou seria em outro lugar? o.O

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Férias



Estou saindo de férias. Muitíssimo merecidas, diga-se de passagem.
Londres, Amsterdã, Paris, Barcelona e Milão formam o itinerário.

Espero conseguir transformar esse blog em algo parecido com um diário de bordo até o dia 14/11. Caso não, na volta eu conto tudo o que der.

Felicidade, aí vou eu!

Beijocas!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Porão do Coração 3

Enquanto não sai um texto de respeito, vai mais um videozinho. Mas eu juro que posto algo de verdade antes de viajar, tá?

Sex and the City, o primeiro filme, é um marco histórico para as fãs da série mais mulherzinha de todos os tempos. Tenho muitas críticas a fazer, há muita coisa que eu não gosto, mas continuo assistindo todos os episódios até hoje. Não vou soltar farpas e correr o risco de ser condenada à morte, mas preciso dizer só um "detalhe": eu ODEIO o Mr. Big. Como boa defensora e admiradora dos bons rapazes, por mim a Carrie tinha ficado com o Aidan. #prontofalei

A maior prova da escrotice do Big é esta cena que você assiste logo abaixo. Homem é realmente um bicho covarde. Cada dia que passa eu tenho mais certeza. Porém, o que me fez tirar a poeira dessa preciosidade e postar para vocês foi algo bem mais sutil: a reação da Charlotte diante da tentativa do Big de falar com a Carrie. Eu confesso que chorei por causa disso. É em momentos como este que vemos o poder de uma amizade. O quanto alguém se importa com você ao ponto de te defender com unhas e dentes contra qualquer mal que te ameace. É por conta desse "No!" dito com tanta raiva que essa cena se tornou inesquecível para mim.



Aidan, beijomeliga!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Porão do Coração 2

O filme de onde tirei a cena de hoje é um marco na minha vida. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain foi tema da minha monografia na faculdade de Jornalismo. Enquanto todo mundo escrevia sobre telejornais, jornais impressos e revistas, eu pirei e decidi comparar esse belíssimo filme francês aos contos de fadas e ainda puxando pro lado da Semiótica. Como disse um dos componentes da minha banca, eu fui ousada. Sim, colega. Meu sobrenome é OUSADIA.

Amélie é uma menina/mulher peculiar, sonhadora, de poucas palavras e com um coração imenso. Tem o sorriso doce, o olhar marcante e uma timidez depressiva, mas sabe como ninguém desfrutar dos pequenos prazeres da vida. Bem pequenos mesmo.

Eu juro como já estava desistindo de postar o filme, pois não conseguia escolher uma única cena. Todas são lindas e inesquecíveis. Acabei decidindo por essa, pois é bem romântica, bem happy end e ainda tem esse fundo musical fofo que mais parece uma caixinha de música. Vai me dizer que não lembra um conto de fadas? Para piorar, há ainda uma mistura de cores vivas, movimentos de câmera audaciosos e diálogos metafóricos. Quem quiser conferir a trilha, baixe sem medo. O nome do compositor é Yann Tiersen e ele é sensacional.

Na época em que comecei a estudar sobre Amélie, tive que comprar o DVD. Anos depois, uma amiga que nem sabia da minha monografia me deu o filme de presente de aniversário alegando ter achado a personagem a minha cara. Agora eu tenho dois e um está lacradíssimo. Por que Amélie é a minha cara eu ainda não descobri, mas que ela dá belas lições, ela dá.



Existe fotografia mais LINDA que essa? Não mesmo!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ufa...

Todo mundo chora. Há o choro de dor física, de alegria, de saudade, decepção, medo e por aí vai. Mas existe um choro que eu só conheci recentemente: o choro de alívio.

É um choro bom de quem tirou uma baleia das costas. São lágrimas que um dia foram de dor. Pedras de angústia que se derretem e correm eufóricas sem querer parar. É um choro gostoso, prazeroso. Você não grita como quando sente dor e nem sorri como quando recebe uma surpresa emocionante. Você simplesmente chora e soluça abraçado a alguém quase que agradecendo por aquela sensação repentina de tranquilidade.

É um oceano de lágrimas e cada uma representa cada dia que você passou deitada sem coragem de viver e procurando explicações que nunca vinham. Cada dia que você amaldiçoou toda e qualquer teoria romântica e idealista dos otimistas irritantes. Cada uma com uma cor. A cor do quarto escuro, do lençol amarelado, do filme cinzento que fazia o tempo passar mais rápido...

O choro de alívio é fruto da verdade que vem depois de esperá-la até o triste ponto de desistir. É a chave para o recomeço de algo que ainda não se sabe, mas que se espera com medo. Medo de ter que chorá-lo de novo.

Por melhor que seja o choro de alívio, não quero precisar chorá-lo nunca mais.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Porão do Coração

Resolvi fazer uma seção fixa nesse bendito blog para animar um pouco (ou não) e conseguir atualizá-lo com mais frequência.

Apresento a vocês "Porão do Coração". São cenas de filmes, clipes, seriados ou até virais da internet que me fizeram chorar, morrer de rir, pensar ou mudar alguma coisa e estão muito bem guardadas aqui dentro em um cantinho especial. Muito provavelmente a maioria será de filmes, mas vocês me perdoam, né?

Para começar dicumforça, segue uma cena que me fez chorar. Ela faz parte do meu filme preferido. Não me pergunte por que, entre tantos filmes que já assisti por aí, tantos clássicos consagrados, logo esse foi meu favorito. É o tipo da coisa que não se explica. Simplesmente mexe e pronto.

A história de Lado a Lado (Stepmom) é um dramão com pitadinhas de comédia estrelado pela minha diva-mor, deusa e musa inspiradora, Julia Roberts, a chiquérrima e politicamente correta, Susan Sarandon, e o galã de meia idade e talentoso Ed Harris. O filme traz um conflito familiar que gira em torno do câncer fatal de uma mãe que precisa deixar seus filhos nas mãos de uma madrasta cocota que não tem o menor jeito com crianças, mas deseja conquistá-los mais que tudo. O longa tem ainda o pedido de casamento mais lindo que já vi na vida. Porém, como não vou postar dois vídeos, aluguem ou baixem Lado a Lado para conferir!

Ah! Essa música é simplesmente DO C*R*LH*. A versão é cantada pelo Marvin Gaye e a Tammi Terrel, e também faz parte da trilha sonora de Mudança de Hábito. Sempre que estou triste coloco para tocar bem alto no carro e saio dirigindo e cantando igual a eles no início do vídeo.



Não há montanha alta o bastante, viu?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Só uma sugestão


Ontem, assistindo à pré-estreia de Comer, Rezar, Amar, a personagem da diva Julia Roberts colocou toda a minha angústia nos seus diálogos. Liz Gilbert se indigna com esse complô mundial para que as mulheres se casem. Todos querem arrumar um marido pra ela e sentem pena quando descobrem que a moça é divorciada.

No último final de semana, uma amiga de infância comentou que a mãe dela, num almoço de domingo, disse estar preocupada comigo. OK, PARA TUDO! COMO É QUE É? Foi exatamente o que eu falei na hora. Aliás, eu gritei mesmo. Como assim? Onde é que tem escrito que eu tenho que me casar? Alguém pode me dizer? Existe uma lei, é isso? Minha tia fala mais ou menos a mesma coisa e para essa minha mesma amiga. Coitada, por sinal.

Eu sei que casar deve ser ótimo, que é preciso uma família estruturada para criar um filho etc. Mas não me venham com peninha, preocupação e cobranças, ok? Eu não nasci grudada com ninguém e muito menos pela metade para ter que arranjar alguém para ficar comigo a vida inteira ou que "me complete". Eu nasci sozinha, como um indivíduo, única, exclusiva e sem faltar nenhum pedacinho. Mas a obrigatoriedade do casamento já está tão enraizada na mentalidade das mulheres que nem todas conquistaram a proeza do discernimento. E isso é lamentável.

Já me conheço o mínimo para saber o que me faz feliz. Tenho dignidade o suficiente para não colocar a minha felicidade nas mãos de outra pessoa. Ele vai acabar fazendo o que bem entender com ela e eu corro o risco de me lascar no final. E sem poder nem reclamar.

Não, eu não quero o buquê do seu casamento. Não, eu não vou ser infeliz se "ficar pra titia". Não, não precisa escrever meu nome na barra do seu vestido branco. Não, eu não preciso de um marido para ter um filho. Sim, eu já sonhei entrando na igreja de véu e grinalda com umas três pessoas diferentes. Sim, eu já desejei casar com minha alma gêmea. Porém, eu não tenho culpa se essas pessoas não me fizeram feliz e as almas nem era tão gêmeas assim. E isso não me faz descrente do casamento. Apenas me mostra que ele não é tudo na vida, que não existe nenhuma lei e que tem muito mais coisa no mundo que me deixa até mais "completa."

Ando dispensando qualquer tipo de comentário com doses de piedade e cobrança. Ainda mais aqueles com a intenção de "ajudar". Quem precisa de ajuda é o Iprede, colega. Eu gostaria de me casar sim, mas não tem que ser agora e muito menos uma obrigação. A vida é muito mais do que isso. Que tal cuidar da sua?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Confissões de uma pessimista

Eu já acreditei em Papai Noel, coelhinho da páscoa, bebês que nascem de uma sementinha, que a Xuxa sabia que eu existia e que eu ainda ia ser paquita. Acreditei em alma gêmea, príncipe encantado, papai do céu, no destino e em amizades eternas. Depois passei a acreditar na profissão ideal e no salário justo. Hoje eu conto nos dedos as coisas em que acredito.

Chego a ser uma chata quando estou triste e alguém, com toda a melhor intenção do mundo, tenta me confortar dizendo coisas do tipo: 'Vai dar certo. Deve ter acontecido alguma coisa'. Não. Não aconteceu. Eu sei.

Hoje eu só acredito no que vejo. Criei uma casca dura que me impede de ter esperança. Nas raras vezes que sinto, odeio. Sinto-me uma retardada. Quanto mais alto você sonha, maior é a queda. Esperar o pior me prepara para o pior e me deixa ainda mais feliz quando acontece algo bom. Portanto, se você gosta de mim, pense bem antes de me dar um conselho, ok? E se caso estiver certo, foi pura coincidência, e não obra do destino.

Eu não acredito mais:

- Que o que for pra ser vai ser
- Que no final tudo sempre se resolve
- Que eu sou nova e não preciso de pressa
- Que ele vai ligar quando prometeu
- Que quando as pessoas querem de verdade elas fazem por onde
- Que se casou é porque dá certo
- Que amizades de verdade não precisam de contato para serem mantidas
- Em promessas de amor eterno
- Que pactos não são quebrados
- Que as pessoas gostam de mim do jeito que eu sou
- Que só amor é suficiente
- Na pureza da resposta das crianças
- Que só se ama uma vez na vida
- Na pessoa certa
- Que é preciso amar o que faz para fazer bem feito
- Que as pessoas aprendem as lições da vida

Não se sinta culpado por acreditar em algo dessa lista ou mesmo em tudo. Eu admiro isso em você e espero mesmo que você esteja certo. E não, eu não acho a vida uma merda. Eu só aprendi a enxergá-la com mais verdade, o que acaba tornando-a até mais bonita.

O engraçado é que eu tenho esperança pelas pessoas, mas tento não demonstrar e sempre passar um pouco do meu senso de realidade para ajudá-las a não cair de muito alto. É... ser pessimista tinha que ter um lado bom.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Just do it

Eu cresci ouvindo minha mãe dizer: "quando a pessoa quer de verdade ela faz por onde". Pirei com isso a infância e a adolescência inteiras. Sofri horrores quando algumas pessoas não faziam o que eu esperava e, dessa forma, comecei a duvidar do sentimento de todo mundo. A bola de neve só ia aumentando enquanto nascia em mim uma insegurança gigante e uma autoestima cada vez mais baixa.

Só hoje eu aprendi que as coisas não são bem assim. Eu mesma não sou. Sou cheia de vontades, sonhos e desejos e quase nunca levanto a bunda da cadeira pra correr atrás de realizá-los. Sim, eu sou acomodada e isso me incomoda pra caramba. Eu gostaria muito de dizer que sou determinada e persistente, mas nem sempre consigo. Portanto, também não tenho o direito de cobrar essas qualidades de mais ninguém. Querer não é poder. Há uma série de pequenos detalhes entre um verbo e outro que podem complicar tudo. O ser humano é complexo demais para definirmos essa verdade como absoluta.

Mesmo querendo enfiar isso na cabeça, a voz da minha mãe ainda martela de vez em quando e no volume máximo. O que ninguém lembra é que pensar desse jeito também é uma forma de comodidade. Jogar a responsabilidade para cima do outro afirmando que se ele quer mesmo ele vai se esforçar já nos coloca como passivos. E acaba que ninguém faz nada. Viu como é complexo? Esse foi só um exemplo. Só um dos vários detalhes que separam o querer do poder. Ainda posso citar o medo, o orgulho, o simples fato de não saber como agir etc.

Sonhar todo mundo sonha. Querer todo mundo sempre quer algo. Porém, atitude é uma virtude de poucos. Eu admiro muito pessoas de atitude e quero ser uma. Não porque me isenta da responsabilidade de também agir, mas porque eu acho que quando se luta de verdade a vitória sempre é mais gostosa.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Prestação de contas

Nesta última semana ouvi muita gente comentando sobre o blog. Amigas, amigas de amigas, amigas da minha irmã e até os moçoilos amigos e amigos de amigos também. Juro como nunca imaginei que tanta gente se identificaria com as besteiras que eu penso alto e acabo escrevendo. Mas garanto que está sendo uma surpresa bem feliz.

Só lhes faço um pedido: meninos e meninas que me leem, manifestem-se! Comentem bastante para fazermos disso aqui um cantinho do coração e discutir as mazelas da vida com o humor e a devida graça que merecem. Tudo fica muito mais divertido quando dividido. Obrigada por acompanharem essa pobre jornalista que, quando dá, para entre uma matéria e outra pra divagar acerca das loucuras que tem vivido e das maluquices que pensa.

Estou aceitando sugestões, elogios, críticas e declarações de amor. Podem ir chegando, puxando a cadeira e fazendo o pedido. Quem sabe não nascem boas amizades disso, né?

Obrigadinha mesmo!
Beijocas!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Pelo direito de fazer beicinho


Essa minha mania de querer ser uma pessoa melhor, mais calma e mais paciente acaba comigo. Agora eu dei pra me chatear e fingir que não tem problema e que está tudo bem. Geralmente é com coisinhas bestas mesmo. A merda é que começo a perceber que de tanto eu aceitar, relevar e deixar pra lá, parece que muita gente resolveu abusar da minha boa vontade.

Acho que uma cara feia de vez em quando nunca é demais. Não custa nada deixar claro que eu fiquei decepcionada ou triste. Não preciso mudar de humor. Basta apenas registrar no cartório mundial dos dramáticos e sensíveis incuráveis como eu. Vou fazer um carimbo: INSATISFEITA.

Altruísmo tem limite e eu preciso confessar que é chatinho fazer tudo por todos, lembrar, agradar e afagar e não receber nadinha em troca. Por favor, não me condenem por isso! Mas é que pessoas boazinhas assim são movidas pela emoção e precisam de dengo e palavras de carinho para serem mais felizes e continuarem sua missão de pintar a vida de rosa pastel. A fofura é o que nos faz viver. Em nome de todos os carentes e românticos de plantão, eu grito: também queremos ser bajulados!

É duro reconhecer que não sou tão altruísta assim. Eu juro como faço tudo de graça, mas prometo que darei o sorriso mais sincero e fofo do Brasil se também ganhar uma surpresinha e alguma prova de amizade e amor de vez em quando. Está registrado.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Logo hoje

Hoje eu preciso de um convite tentador
Daquele sorriso constrangedor
Daquela cara de quem nunca sentiu dor

Hoje eu preciso de um abraço apertado
De um beijo roubado
De um papo complicado

Hoje eu preciso resolver não resolver
Preciso ver pra crer
Preciso lembrar a sensação de ter

Hoje eu preciso chorar
Preciso rir e imaginar
Imaginar o que não dá pra adivinhar

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma questão de estilo


Entre o sapato novo perfeito e zerado e o velho confortável e passado, qual você escolheria? Pode parece fácil decidir, mas não é. O novo é lindo, sem nenhum arranhão e está super na moda. Mas é preciso amaciar para moldar direitinho e até lá, haja uso e calo. O velho já tem até o molde do seu pé, leva você para todos os lugares e te deixa tranquila e segura.

As amigas já estão de olho no sapato novo e dão o maior apoio para você usar. Você ainda nem sabe direito com quais roupas ele combina. Comprou meio que no desespero. Estava por um preço acessível e imperdível. O velho tem uns arranhões e você já teve que trocar a virola, pois aquele barulhinho estava insuportável.

O sapato novo não conhece os caminhos pelos quais você anda. Ele vai descobrir com sua ajuda. Talvez goste, talvez não. Talvez ele não aguente seu ritmo e quebre o salto. O surrado, se deixar, vai sozinho e você sempre sabe onde encontrá-lo. Mesmo com todos os consertos, será que vai chegar o momento em que não terá mais em que mexer? Se for preciso restaurar, mudar a cor e tudo mais, ainda vai ter graça?

Já passou aquela fase de inventar saídas para inaugurar o sapatinho novo e desfilar por aí. O velho é uma peça coringa que vai bem com vestido, calça jeans e shortinho. Você já escolhe o modelito a partir dele, tamanha a dependência. Mas também reconhece que ele está ultrapassado, apesar de gostoso de usar. Com o novo você tem que se preparar para um monte de calinhos e tropeços até ficar na forma certa. Se ficar.

Será mesmo que existe um sapato velho para todo pé cansado ou o que importa é estar sempre na moda?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Além...

Você tem uma alma gêmea? Não estou falando do amor da sua vida, mas de alguém cuja alma conhece a sua como a palma da mão e de quem você não consegue se separar nunca. Alguém cuja relação já teve de tudo e mesmo assim se fortalece a cada dia mais.

Alguém com quem você se entende com o olhar e que sabe exatamente o que você vai falar. É uma pessoa que te irrita e até te faz chorar, mas que você nem cogita a possibilidade de ficar longe. Você aprendeu naturalmente a perdoar, exercitar a paciência e relevar tudo, pois a ligação dos dois é muito maior. De verdade. Começa até a parecer algo meio incondicional, como amor de mãe.

Você fica triste só de pensar que esse alguém chegou a questionar essa amizade, pois na sua cabeça, é tudo tão grande e tão certo. As idas e vindas só confirmaram o quanto isso não tem fim, apenas se renova e muda conforme a fase da vida dos dois. O carinho, a preocupação e a sinceridade absoluta entre vocês só aumentam e se tornam cada vez mais fáceis e naturais.

Eu chamo de alma gêmea porque é algo de alma mesmo. Transcendental. A razão nunca conseguiu explicar. Nem ela e nem ninguém. Muito menos você. A empatia e segurança que vocês têm desde a primeira conversa despretensiosa no MSN são claras.

Algumas almas nem são tão gêmeas assim. Muito pelo contrário, são opostas. Talvez esse seja o grande lance. Você aprende a incrível beleza das diferenças. Aprender, por sinal, é um dos maiores diferenciais que esse alguém te proporcionou. Minha alma gêmea (oposta) me ensinou demais. E sabe disso. Aliás, há coisas que nem sabe não, mas ensinou direitinho.

Algumas almas são divisores de águas nas nossas vidas. Eu sou uma antes e outra depois. Muito melhor depois, diga-se de passagem. Até as críticas que eu tanto odeio me ajudam, pois virou uma questão de honra provar que ele está errado. E aí eu me empenho mais.

Sorte daquelas cuja alma gêmea é um namorado ou algo do tipo. A minha já foi de tudo e hoje é meu amigo. Um amigo chato que eu conheço tanto que sei o quanto ele mudou também. Um amigo que eu conheço de um jeito que eu nem me importo mais quando eu digo que o amo e já sei que ele não consegue dizer o mesmo e responde me abraçando, rindo, mandando um beijo e mudando de assunto.

Eu conheço tanto, que eu sei que ele vai ler esse post, vai se perguntar se é ele mesmo e vai pensar em comentar algo, ou simplesmente vai querer colocar um sorrisão bem grande no MSN. Na verdade, ele vai é querer fazer tudo diferente disso só pra eu não achar que estava certa.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Aprecie com moderação?

Vi um diálogo em um filme esses dias que questionava o seguinte: se nós gastarmos muito o amor ele acaba mais rápido? Ok, pode parecer confuso, mas pensemos como uma metáfora, tá?

Se levarmos em conta que o amor pode ser usado e explorado demais como uma bolsa ou um sapato velho, vai chegar o momento em que ele vai ficar feio e não vai mais servir nem pra ir na esquina. Quando eu falo de usar muito é exagerar na dose. São aqueles amores melosos, dramáticos e passionais em que um ou os dois se entregam de um jeito que começam a meter os pés pelas mãos. A pessoa fica ridícula, ciumenta, dramática e grudenta.

Essa teoria meio shakespeariana de se entregar de corpo e alma a um sentimento tão bonito pode acabar mais rápido com ele? O amor é perecível? Ou será que é preciso vivê-lo em doses homeopáticas? E se for, é mesmo possível?

É claro que tudo precisa de um limite. Até o limite precisa de limite, pois também é necessário se entregar um pouco, extravasar e apenas sentir sem racionalizar. Não somos máquinas. Porém, entregar-se cegamente e ultrapassar esse limite simplesmente porque ama demais e foda-se, não sei se é o caminho. Nesse exato momento, muitos poetas românticos se reviram no túmulo. Vinícius deve estar me amaldiçoando, eu sei...

Enfim, posso estar viajando, mas depois que assisti o tal filme comecei a ver todo um sentido nisso. Tomara que eu esteja errada, né? Ou não?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Balanço prévio

Meu ano começou fantástico. Praia de Copacabana, 2 milhões de pessoas, fogos, espumante até dizer chega, beijos, amor, pessoas queridas, mil promessas e planos. Alguém me perguntou, bem na hora da virada, o que eu queria pra 2010. Eu respondi facilmente: eu quero é ser feliz e mais nada! Tenho até o vídeo disso.

Era um ano bem previsível. Eu ia terminar meu TCC da especialização, trabalhar bem muito, noivar, viajar com o namorado, dançar no festival da academia e pronto. Mas muita coisa mudou. O namoro acabou, obviamente o noivado não rolou, sofri feito uma condenada, consegui trocar de carro, nem comecei a monografia, ganhei amigos novos, desenterrei os velhos, fiz meu blog e estou conseguindo mantê-lo, e vou fazer meu sonhado mochilão pela Europa.

Além de tudo isso, sabe o que foi melhor? Eu me vi crescendo. Só agora me dei conta. Hoje consigo lidar com as mais diversas situações e sair delas de forma elegante e sensata. Aprendi a distinguir mais um punhado de sentimentos dos quais antes eu nem sabia da existência. Adquiri o dom da paciência, apesar de ainda ter muito o que alcançar e, principalmente, o dom do silêncio. Não sinto mais tanta necessidade de ter uma resposta pra tudo que me falam e me tira do sério. Hoje eu sei que calar faz bem e que não importa se estão pensando que eu não tenho argumentos. Na verdade, acho que o que eu aprendi foi a sentir pena e, consequentemente, ignorar aquilo que não tem jeito.

Em 2010 também aprendi a detectar melhor as intenções e o posicionamento das pessoas. Hoje sou mais racional e a raiva está mais transparente, permitindo-me enxergar e refletir com mais clareza e, assim, tomar as decisões certas. Uma pena ainda ter gente que insiste em se condicionar a ver tudo da mesma forma e não conseguir sair do lugar. Hoje eu me calo e ignoro. E passe bem. Ainda acho o ser humano complicadíssimo e não quero enlouquecer pra entendê-lo. Deixo a tarefa para os psicólogos e psiquiatras que estudaram pra isso.

Adquiri a capacidade de aceitar o que não posso mudar, e sim criar novas oportunidades. Entendi que uma noite bem dormida faz milagres e que é preciso sofrer até a última gota para levantar linda, loira e preparada para a próxima tragédia. É, porque ela vai aparecer. Mesmo sabendo que o tempo cura tudo, também não se pode esmorecer e perder as horas. É preciso correr pra ser feliz o mais rápido possível.

Ainda estamos em agosto, mas já posso dizer que estou realizada. Os próximos meses já estão previsíveis de novo e eu acho que mereço que, desta vez, tudo realmente aconteça nos conformes.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Responda quem puder


Quando é mesmo o futuro? Dia desses lembrei de quando conversava com meu pai e ele comentava como ia ser a tecnologia dos próximos anos e me dei conta que esse futuro chegou e nós ainda estamos especulando como vai ser a vida mais pra frente.

Percebo muitas pessoas fazendo planos, tomando decisões, filosofando e se programando... A vida até parece uma eterna preparação sabe lá Deus pra que. Muitos planejam tanto que quando chega a hora nem se tocam e muito menos aproveitam.

Será realmente que vale a pena pensar várias vezes antes de agir, ponderar e adiar ou é melhor viver o presente porque ninguém sabe mesmo o dia de amanhã e para morrer basta estar vivo? É radical pensar assim? Eu não acho. Na verdade, eu sou defensora fanática do meio termo, apesar de ainda não tê-lo encontrado.

O que é o futuro? Daqui a três anos? Dez? Eu acho que o futuro que importa de verdade é amanhã. É para amanhã que você pode se programar com mais certeza. É a data mais próxima que você tem para ver os resultados das suas decisões e até lá rola tempo suficiente para respirar fundo e refletir mais algumas vezes. Se a gente pensar sempre dessa forma e planejar mais o dia de amanhã do que um tal futuro que ninguém sabe nem dizer quando é, quando menos se esperar vai se tocar que está vivendo um presente bacana e que fez e realizou tudo direitinho. Cuidado: esperar muito do futuro nos faz perder o foco do que está acontecendo no presente.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pretérito imperfeito

As coisas realmente mudam. Elas passam e vão embora quando a gente menos espera. A dor é uma delas. Quando ela chega, não tem pra ninguém. A gente cega e tem vontade de morrer, pois não consegue ter a menor previsão de quando vai passar. É preciso manter e escutar aquela voz baixinha da razão reforçando que o tempo vai resolver tudo. Do jeito dele, mas vai. O máximo que se pode fazer é administrar.

As pessoas são totalmente substituíveis. Sim, isso é triste, mas é só mais uma verdade que nós temos que aceitar. É como a morte. Paciência. A minha pergunta é: qual o valor do passado? Ouço muita gente dizer que "fulano fez parte da minha vida e é alguém especial". Mas será que ainda é mesmo ou dizer isso é apenas uma forma de camuflar o sofrimento? Não sei, mas acho que isso só prova a dificuldade que nós temos de lidar com os finais.

Lembrar é uma maneira de voltar e trazer à tona alguém que não tem mais espaço na sua realidade e ficou lá no passado. O quanto de consideração ou até satisfação uma pessoa lhe deve depois que a relação que teve com você terminou? Que "direitos" ela ainda tem? E será que tem? É necessário uma força fora do comum para encarar que passou e transformar esse passado em um simples item da nossa memória que, diga-se de passagem, vai ficando cada vez mais fraca ao longo do tempo. Sabe de uma coisa? Eu começo a achar que isso tem uma explicação. Se à medida que a gente envelhece a memória vai falhando é porque há fatos que precisam ser apagados. É a sábia força da natureza.

Para mim, o fator que determina se esse passado merece ter um lugar especial ou algum direito sobre o meu presente é a forma como tudo acabou. É o que de fato aconteceu. Quando há mágoas fica bem complicado. O coração e a própria razão criam uma barreira natural de defesa para afastar o que a memória emocional já registrou que não faz bem.

Mas a mágoa também acaba, né? E a raiva também. E normalmente elas vão embora junto com o amor, pois são sentimentos que andam de mãos dadas e não em lados opostos. E o grande lance, repito, é saber administrar para que tudo siga pelo melhor caminho. Aquele sem rastros e riscos de derrapagem.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

As cifras do amor


Definitivamente, a Stefhany do Crossfox é mais absoluta que a Sthefany Brito. A jovem atriz, irmã do bonitinho do Kayky, ganhou na Justiça o direito a uma "pequena pensão" de R$ 130 mil, ou seja, 20% do salário do ex-marido, o também fofo, Alexandre Pato.

Os dois passaram menos de um ano casados após uma cerimônia badalada digna de monarquia e com direito a todos os holofotes da imprensa mundial da fofoca. Lembro muito bem que essa foto dela saindo da igreja na época me pareceu merecedora de um balãozinho dizendo "Consegui!" E a cara dele? Sem comentários.

Ninguém sabe e nunca vai saber o real motivo da separação. Se ele era mulherengo e farrista e ela burramente acreditou que tudo mudaria com uma aliança na mão esquerda, não importa. O que ficou bem claro é que ela se aproveitou da situação e transformou o fim do amor em uma guerra por dinheiro daquelas mais baixas. Ela não tem uma profissão? Até um certo talento ela tem, gente! E mais: tinha contrato com a Toda Poderosa! Precisava mesmo? Às vezes parece algo premeditado... Não sei.

Enfim, o que nós aprendemos com isso? Há uma lei básica que as mulheres independentes, inteligentes e resolvidas sabem de cor: não pare de trabalhar. Você precisa ter sempre uma fonte de renda que não seja o marido. Quer cuidar melhor das crianças? Trabalhe só um expediente, faça artesanato e venda pra vizinhança... não importa! Mas NUNCA dependa totalmente de um homem! Hoje em dia isso é inadmissível e, além do mais, ninguém sabe o dia de amanhã. Se ele for, leva tudo. E você? Vai viver como? Pior que depender de marido é depender de EX-marido. No caso da Sthefany, ela tinha um emprego que milhares de meninas por aí almejam desde criança. Vai entender...

O pior de tudo é que a decisão foi de uma JUÍZA! Sim, uma mulher! Isso me envergonha. O Pato começou o processo oferecendo R$ 5 mil e vai terminar (caso não recorra) com um prejuízo de R$ 130 mil, podendo aumentar, pois o valor também será aplicado aos futuros contratos que ele venha a assinar, como patrocínios, campanhas publicitárias ou um novo clube.

Casos assim rolam na Justiça aos montes. Mulheres cheias de filhos e com um salário miserável são trocadas por uma doidinha qualquer e precisam de um mínimo de ajuda para pagar a escola ou o plano de saúde... Se já não bastasse perder seu amor, sua autoestima e, muitas vezes, até a dignidade, não têm nem uma colaboração financeira destinada às crianças. Conversando com um amigo, eu argumentei que se fosse uma pessoa anônima normal sem filhos e divorciada com apenas 9 meses de casada, jamais teria ganho a causa. Ele sabiamente respondeu: "Se fosse uma pessoa normal mesmo, não teria nem pedido dinheiro." FATO.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A lei da selva


O mundo dos solteiros é mesmo uma selva. É cada coisa que a gente vê e escuta por aí... Tudo em nome de um cafuné, um beijo desesperado e um sono de conchinha. Na luta pela sobrevivência vale tudo: falar merda, fazer cara de sexy, pose de garanhão e charminho para dar uma de difícil. Chega um ponto que fica meio triste, mas a gente ri e debocha para não perder o costume.

Dia desses uma criatura me abordou dizendo: "Você vem sempre aqui?" Eu nem acreditei. Acabei respondendo, tamanha a minha perplexidade. O pior de tudo é que por mais escrota que eu pareça, não sei dispensar ninguém diretamente. Ou fujo, ou agradeço com um sorriso e saio... A grosseria só rola em casos de extrema necessidade.

Um outro cidadão tentou editar esse mesmo texto: "É a primeira vez que você vem aqui?" Como assim, Bial? Ele acha que eu sou idiota? Após a minha humilde resposta negativa, ainda veio mais bomba: "Sério? Não parece que você já veio aqui outras vezes". E agora tem a cara de quem sempre anda por aqui, meu amigo?

Uma ótima tática é se achar. Lá estava eu linda e loira tentando caminhar numa boate lotada onde todos se esfregam sem querer, quando escuto uma voz vindo bem da minha frente:
- Você tem um sorriso muito bonito.
- Eu sei.
- Você é muito convencida.
- Eu também sei.

É batata, colega! Se depois disso ele ainda insistir e se interessar, é o homem da sua vida. Case com ele!

O pior é quando o papo é bom e o queixo é original, mas o layout da pessoa não colabora. Você tem pena de descartar, deseja uma sincera amizade, mas não rola o sentimento. Também passei por essa. O cara me abordou perguntando se eu era baiana. Eu falei que não e ele: "Mas você tá aí dançando tanto e tão bem!" Ei, foi legal, vai... No mínimo engraçado. Ainda conversei um pouco, pois fiquei curiosa. Mas ele elogiou tanto meu olho que eu fiquei sem graça. Já não sabia mais o que dizer quando olhei para uma amiga, ela entendeu o código e falou de um jeito que eu entendi pela leitura labial: "Quer que eu te salve?" Balancei a cabeça e ela me libertou.

É realmente uma guerra onde se pode apelar pra qualquer coisa, até ser ridículo. E para nós, simples mulheres que não conseguimos entrar diretamente nessa briga, assistimos tudo de camarote e nos divertimos com a palhaçada. Façam suas apostas!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Palavrinha mágica


As feridas do amor só podem ser curadas por aquele que as fez.

"A única coisa que Bia desejava era um pedido de perdão de Gabriel. Muito tempo havia passado após as idas e vindas entre Pedro e Marcelo. Inclusive, aprendera muito com Pedro, que, apesar do namoro finalmente ter saído, só foi infinito enquanto durou para a frustração e o sofrimento dos dois.

Bia se sentia preparada para amar de novo. Como ela mesma disse a Gabriel na primeira vez em que saíram, queria viver 'uma nova história de amor'. Após 10 meses de tentativa, sentia-se preparada e bem acompanhada. Parecia ideal. Ela mesma não acreditava como tudo se encaixava tão perfeitamente. Foi rápido. E bom. Bom demais!

Ela realmente amou. E muito. Foi amada demais também, como há muito tempo não era. Gabriel era perdidamente apaixonado e encantado por Bia. Todos percebiam. Prometera um futuro todo programado para os dois. Como seu nome e seus cachinhos, Gabriel chegara como um anjo. Bia aplicou tudo o que aprendera com suas antigas dores. Fez diferente até onde sua essência permitiu e, mais uma vez, saiu com o coração partido e sem entender muito bem por que.

Gabriel decepcionou. Fugiu deixando Bia cheia de dúvidas e gastando toda a sua energia para tentar explicar aquela imensa dor. Seu belo futuro se dissolveu em lágrimas e numa indiferença nunca vista. O novo homem da sua vida era como qualquer outro. Talvez pior, tamanha a covardia que preenchia suas atitudes. Bia se sentiu descartada como uma namoradinha qualquer e não como a mulher mais 'linda, maravilhosa e perfeita' que Gabriel lhe qualificava todos os dias que não passavam sem um 'amo você'.

A saudade passou, o sofrimento cessou e Bia enxergou tudo: já era uma mulher. Cresceu e Gabriel não a acompanhou. O ano de diferença se fez presente. O pior é que ela já vinha percebendo. Não foi surpresa nenhuma. Ela só queria acreditar que tudo uma hora passaria. Queria pôr em prática o dom do perdão e da aceitação que todos diziam que são necessários para um relacionamento vingar. Gabriel não percebeu e fugiu. Simples assim.

Bia ainda tentou manter as boas lembranças e cogitar uma amizade entre os dois. Afinal, eles tiveram uma linda história e se amaram incansavelmente. Gabriel não permitiu. Ignorou o desejo de Bia de entender tudo e fechar o ciclo definitivamente. Ela teve que fazer sozinha sem fundamento nenhum. Foi tudo na base da raiva. Quanto mais ela via o comportamento dele, mais mágoa sentia. O ódio tomou conta da saudade. Ela não queria mais nada, só um sincero pedido de perdão. Um arrependimento, quem sabe? Uma demonstração de humildade. Não teve nada disso. Nem a conversa prometida aconteceu. Ela nunca nem soube o que ele pensa sobre a situação.

Como sempre faz, Bia começou o processo de 'exorcismo'. Apagou Gabriel da prática para, assim, tirá-lo da teoria. Ela nunca imaginou que fosse tão forte. Apesar do medo de encontrá-lo, finalmente chegou o dia. A reação de Bia surpreendeu ela mesma. Nada. Zero. Gabriel havia conseguido o que tanto buscou: sair da vida de Bia. Mas ele tinha que deixar sua marca de orgulho e imaturidade. Cumprimentou sua ex-namorada como se tudo estivesse bem. Os dois sabiam que não estava, mas como sempre, apenas Bia foi justa e sincera com seus sentimentos. Não conseguiu reagir. Foi instintivo. Ignorou-o. Não tinha motivos para sorrir ou abraçar. Muito menos falar. Falar o que!? O silêncio era o melhor para ambos. Gabriel não teria o sorriso ou a compaixão de Bia enquanto não curasse a ferida que fez."

terça-feira, 29 de junho de 2010

Subcoisas

É sempre assim: as pessoas vêm e vão, trazendo e levando outras pessoas especiais. Uma perda nunca é só uma, são várias. Objetos, família, amigos, lembranças, fotos, sorrisos, piadas internas.... Vai tudo e você fica sem saber o que era seu ou do outro. Ou dos dois. Não dá pra saber nem se você tem o direito de se despedir ou de recordar algo que veio no pacote e foi também.

Acho essa vida uma porcaria. Fico deprimida com essa história de que todo mundo é possivelmente descartável a qualquer hora e para qualquer um. São pessoas, pô! Que droga de ideia é essa?! É aí que eu vejo como nada faz sentido. Como a vida é pequena. Tudo acaba. O tudo vira nada em algum momento. Certeza.

Parece que Deus, o destino, o cosmos, o universo, Merlin ou sei lá o quê que eu ainda não decifrei, não satisfeito em te tirar UMA coisa, arrasta VÁRIAS subcoisas que, por sinal, são as mais complicadas de esquecer.

Eu resolvi chutar o balde e tentar fechar o ciclo me despedindo de quem eu acabei perdendo por tabela e quem eu nunca imaginei que fosse sentir falta e lembrar com tanta alegria. Foi triste, mas também foi válido. Vi que perdi de verdade, mas sei que também sou uma feliz lembrança.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Imperativo


Acho que acreditei em destino até o dia da minha primeira grande desilusão amorosa, ali pelos 20 e poucos anos. Depois meu pai mudou de religião e eu comecei a questionar por que há tantas ideologias diferentes no mundo e, assim, passei a perceber que eu não posso dizer que nenhuma está 100% errada e nem 100% certa. Tudo era, e ainda é, facilmente dubitável.

Se tudo está escrito, o que diabos eu estou fazendo aqui? Qual o poder que eu tenho e por que pensar tanto em como agir e quais decisões tomar? Acreditar em destino ou naquela máxima ridícula de que "o que tiver que ser vai ser" é me considerar sem importância nenhuma. É mais fácil eu acreditar em azar do que no acaso.

Eu acho até que nós escolhemos quem amar, sabe? No fundo cada um tem suas regras e preferências, e conseguindo equilibrar o amor próprio com o amor romântico, há uma grande chance de ser feliz para sempre.

Sempre quis ter o mérito em tudo. Lembro que quando era mais nova, detestava ter aula particular para passar por média. Se eu tivesse e passasse, não me sentia nenhum pouco satisfeita ou vitoriosa. Parecia que não tinha sido eu. Quero saber que posso fazer valer à pena o que a vida me oferece. Quero entender que quando algo dá errado é porque eu preciso aprender e não porque ia acontecer mesmo. Quero me decepcionar com alguém e me magoar para saber que esse alguém é que não sabe escrever um destino digno para si mesmo, e dessa forma, sair tranquila e de cabeça erguida.

Se estiver tudo escrito, rasguem minhas páginas. Quero arrumar minha própria bagunça e deixar tudo do meu jeito para ter moral de reclamar depois. Quero, inclusive, poder ajudar a arrumar a bagunça dos outros e me sentir útil. E como boa virginiana, organização é comigo mesmo!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Inércia


Não adianta. Não sei disfarçar nada. Nunca soube. Seria uma péssima atriz. Eufórica ou deprimida, todos me percebem. Não camuflo nada. Não sei fingir. Ah como eu queria...

Sempre guiada pelas emoções, ser indiferente é minha melhor defesa. Eu sei que é ruim, mas e daí? Agora sou eu que pergunto. Agora eu me dou o direito de calar. Até porque se eu falar, não sobrará nada de bom. Eu me conheço. Sei da minha fúria. Já é difícil manter as poucas boas lembranças que restaram, imagina se eu resolvesse não ignorar. No meu mundo justo e consciente, indiferença nada mais é do que ausência. Ausência de medo, de preocupação e principalmente de culpa.

Já que foi tudo destruído, que fique assim. Não tem sentido enfeitar, maquiar, fazer de conta que foi resolvido da melhor forma. Não foi. Não houve respeito ou consideração. Não foi dado o devido valor. Não houve cuidado e nem carinho. Como eu sempre disse: uma hora a conta chega. E se a farra foi grande e copos foram quebrados, o jeito é pagar sem achar ruim.

Não sou vingativa. Acho que vingança é algo triste e baixo. Tudo é apenas uma questão de Física: ação e reação. É assim que o mundo funciona. É assim que o coração me comanda. Com a pura verdade. E eu aprendi a lidar com ela, mesmo que incompleta. Mesmo tendo que catá-la em um buraco negro para ter que seguir. E cada dia que passa, e agora principalmente, a verdade tem se mostrado sempre mais. Assim vai ficando muito mais fácil. Quem agradece sou eu.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Você tem?

A palavra CARÁTER é constantemente utilizada quando vem acompanhada do adjetivo MAU. Raramente é citada ao lado do BOM. Isso porque é o tipo de coisa complexa de se definir e dá um peso do caralho quando encaixada em uma frase.

Qualificações à parte, o significado de caráter pode ser mais simples. Ou você tem ou não tem. Mas o que distingue um do outro?

Aprendi que todos erramos. Todos nós fazemos uma merda grande uma hora na vida. Ou duas, ou trës... E é aí que o caráter entra. Ou sai.

Toda a explicação está no depois. Quando uma pessoa de caráter comete um erro, logo em seguida ela sente o drama. Arrepende-se, tenta consertar, voltar atrás, pede desculpas, fica mal nem que seja em silêncio... Já os seres desprovidos dessa qualidade simplesmente ignoram. Um pequeno deslize ou uma tremenda sacanagem que eles fazem têm o mesmo valor: nenhum. Para eles, foda-se. Muitos nem consideram um erro propriamente dito.

Quem tem caráter percebe e aprende as lições que vêm de brinde junto das mancadas. Analisa, pensa, pondera, reflete e toma todo o cuidado do mundo para não repetir, por mais difícil que muitas vezes possa parecer. O caráter é meio que um instinto natural. Acho que está no DNA. É a mesma reação que os ratinhos de laboratório têm quando submetidos a um choque. Depois de tanto sofrer, em um dado momento a memória é acionada e ele começa a evitar pegar o queijo maldosamente posicionado.

É uma pena termos tantos queijos e tão poucos ratinhos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Neverland


Quando eu era criança e brincava de casinha, sempre queria ser a grávida. Colocava uns vestidos folgados e enfiava um lençol por baixo. Eu sei o nome da minha filha e imagino como vão ser os traços dela desde que eu tinha uns 12 anos. Como eu quero ter um casal, o nome do menino eu demorei um pouco pra decidir. Apesar de ainda ter dúvidas, pelo menos agora eu já tenho duas opções.

Sempre fui fascinada por crianças. Sento no chão, brinco, converso de igual pra igual, beijo, abraço, aperto... Ter um filho é uma meta real na minha vida. Tenho um instinto maternal inexplicável. Adoro cuidar, aconselhar, ajudar, amparar. Sinto uma satisfação imensa com esse poder.

Dei aula de ballet para meninas de 2 a 8 anos durante 1 ano e meio. Foi uma das melhores épocas da minha vida. Apesar do cansaço físico que dava, eu bolava de rir com elas. Nunca imaginei que tinha tanta paciência e sabedoria para lidar com crianças. Afinal, isso é um dom e não é qualquer um que nasce com ele.

Ainda me sinto meio criança e creio que isso é uma das minhas melhores características. Demorei para entender, mas acabei enxergando que ser espontânea e viver sem medo do que os outros vão pensar é deveras encantador. É como uma criança mesmo, que faz tudo o que der na telha só pelo fato de ser divertido sem se preocupar com as consequências.

E pensar que quando eu era menina não via a hora de crescer... Cada aniversário era uma alegria maior. Achava que aos 10 anos eu já seria adolescente e que com 18 ia poder fazer o que quisesse sem dar satisfações. Ah se eu soubesse! Como eu era feliz...

Ao mesmo tempo que amo crianças e me sinto meio que uma, tenho a segurança estranha de que vou ser uma excelente mãe. Daquelas que educam de verdade mesmo, sabendo o que está fazendo. Tomara que eu esteja certa.

Sei que nesse mundo doido de hoje, se a gente for parar pra pensar mesmo se tem ou não um filho, não tem de jeito nenhum. Mas eu nem penso e não conheço uma mãe sequer que tenha se arrependido. É meu maior plano de vida. Um dos poucos que tenho e vou concretizar fácil. Sou uma menina teimosa e birrenta e nada vai mudar isso. Quando eu crescer eu quero ser mãe!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Eis a questão


Tem três coisas que as pessoas dizem que é bom e que eu discordo totalmente: saudade, ciúme e paixão. Sentir saudade é sempre uma droga. Nem vem com essa! Lembrar de algo que você quer e não tem mais é frustrante. Ciúme é o cupim de todo e qualquer relacionamento. Não! Não é bonitinho e nem normal quando se gosta. Sentiu? Se não tiver motivo pra falar e vai só dar em briga, engula! E se apaixonar só é bom quando é recíproco e possível.

Aquelas malditas tremedeiras, uma insegurança insuportável, insônia, taquicardia, frio na barriga... Tudo isso só é bonito em poesia, filha. Na realidade, apaixonar-se é estressante. Você começa a se desgastar logo no começo, tentando descobrir se está mesmo apaixonado e se essa relação tem futuro. Porque, às vezes, por mais que a gente goste, há uma série de fatores que não colaboram para a concretização de um namoro ou sei lá o que.

Não é o meu caso, mas tem muita gente que se apaixona por quem não presta. Cerca de 90% das mulheres adoram cafajestes. Eu tenho fraqueza por bons moços, o que acaba sendo pior, pois eles só dão motivos para querer investir e me deixar ainda mais arriada.

Depois de finalmente detectar a presença desse sentimentozinho maldito, o desespero se eleva à máxima potência. É a hora de saber se seu objeto de desejo também sente algo por você. Caso não seja simples de adivinhar, o que normalmente não é mesmo, começa aquela frescura toda: Liga ou não liga? Manda mensagem? Dá um gelo? Abre logo o jogo? Nesse ponto, COMO SEMPRE, nós mulheres ficamos na pior e temos que pensar em toda uma estratégia. Afinal, os tempos são outros, mas os homens não. E por uma questão de segurança e amor próprio, declarar-se não é o mais indicado.

Eu e minha mania de sofrer por antecipação... Preciso me restringir à fase nº 1. Depois concluo esse post.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A primeira vez


Finalmente criei coragem e peitei mais uma das minhas frescuras: ontem fui ao cinema sozinha pela primeira vez. Engraçado que quando eu comentei isso com algumas pessoas, umas acharam super estranho e outras disseram que é muito natural.

Eu sempre achei meio depressivo, pois adoro trocar impressões durante o filme e sair comentando as cenas mais interessantes. Ao mesmo tempo, ir ao cinema é algo tão sagrado que eu não costumo e nem consigo compartilhar esse momento com qualquer um.

Com esse dilema acabei deixando de assistir um monte de filme bacana e ontem decidi não perder mais. Arregacei as mangas e fui. Foi o último dia de O Segredo dos Seus Olhos nos cinemas de Fortaleza. Não podia deixar passar mais um filme fantástico assim. Porém, assim como tudo que eu invento de fazer de diferente, meu amigo Murphy me persegue com suas leis.

Cheguei do trabalho, descansei um pouco, tomei um banho, vesti um vestido bem confortável e fui. Já estava na hora da minha fome noturna. Terminei de chutar o balde e fui comer no McDonalds. A sensação é de que todos estavam me olhando comer sozinha, um costume que eu tenho há muito tempo e adoro. Mas que ontem foi estranho.

Depois de saborear um McChicken e um suco de laranja, fui jogar o lixo e separei a caixinha com as batatas fritas (que eu nunca como todas e ontem pareciam ter vindo em maior quantidade que o normal) pra levar pra casa e não estragar. Voltei ao balcão com o intuito de pegar a torta de banana que já havia comprado e ficaram de fazer enquanto eu comia o sanduíche. Mas no meio do caminho tinha uma criança. Uma criança gorda e hiperativa, daquelas que não conseguem falar nada sem movimentar o corpo inteiro. E claro, quando uma minicriatura dessas se esbarra com um ser desastrado que nem eu só pode dar merda. O menininho, de costas pra mim e num movimento que eu nunca vou entender, tacou a mão na caixinha vermelha e foi batata frita, ainda quente e crocante, pra todo lado.

Eu fiquei muda, dei um sorriso amarelo e segui em frente já lembrando minha torta ao atendente. O garotinho, loirinho e de óculos, arregalou os olhos e pediu desculpa umas 15 vezes. Eu realmente não ia comer aquelas batatas e, mesmo se fosse, minha reação teria sido a mesma: "Não se preocupa. Eu não ia comer. É sério", acalentando o pobre coitado com a mão no ombro dele. Recebi a torta, virei pra ir embora e o pequeno infante pediu desculpas de novo. "Tem problema não. Mesmo", falei.

Já estava na hora de começar o filme e eu corri enfiando a torta dentro da bolsa, pois não pode entrar com comida no cinema do Del Paseo (absurdo!), e acabei detectando que era de maçã, e não de banana como eu havia pedido. Tudo bem, mais uma coisa que eu relevo sem problema nenhum.

Na sala, que devia ter uns 10 gatos pingados, um senhor sentado na penúltima fileira assistia televisão pelo celular no volume mais alto. Dava até pra ouvir aquele chiado da mudança de canal. Sentei lá do outro lado rezando para que ele tivesse a noção de desligar quando as luzes se apagassem. De longe eu vi que, quando começaram os trailers, o bendito foi embora.

Uma das vantagens de ir ao cinema sozinha é poder sentar com as pernas cruzadas em cima da poltrona, exatamente do jeito que eu gosto. Sabe, né? Aquela posição que a gente ficava quando sentava no chão no maternal...

Bom, o filme é espetacular e dispensa comentários. Ganhou o Oscar de melhor estrangeiro este ano. É intenso, dramático, engraçado, violento, assustador e romântico.

Terminada a sessão às 23h30, fui pagar o estacionamento naquela maquininha. Nunca havia usado a maldita. Fui a primeira da fila e, portanto, tinha uma galera atrás de mim esperando. Como boa brasileira, não leio placas. Totalmente sem noção, enfiei uma nota de dois reais, que foi prontamente cuspida depois. E não só cuspida. Foi arremessada! Enquanto eu estava na posição humilhante de apanhar o dinheiro no chão, o senhor que estava atrás fala: "Só aceita cédula de 5 e 10". Que beleza, hein?! Vou ter que pagar lá no guichê mesmo. Mas como eu pegava meu cartão de volta?! Obviamente, pensei isso em voz alta e o mesmo cara disse: "Aí em cima, oh... 'Cancelar'". Ops!

Apertei o botão, peguei o cartão o mais rápido que eu pude e corri pro elevador desejando ser invisível. Mas o dito cujo chegou ao mesmo tempo em que O MESMO CASAL estava vindo na minha direção. Eu, muito legal como sempre, segurei a porta pra eles.

Cheguei em casa sã, salva e aliviada. Agora eu já sei que não preciso mais perder nenhum filme bacana. Sou uma ótima companhia pra mim mesma. Meu alto déficit de atenção somado a uma onda de azar sem fim não chegam a estragar meu programa. Foi bom. Foi uma vitória. Palmas pra mim!

E para fechar a noite com chave de ouro, quando eu já estava morta de satisfeita deitada pra dormir, meu melhor companheiro de cinema veio me dizer que se eu tivesse chamado ele teria ido comigo. Eu mereço...

P.S: O filme passa uma mensagem muito bacana: "Pare de pensar, senão você terá mil passados e nenhum futuro."

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Tudo ou nada

"Bia não sabia por que, mas sentiu falta de Marcelo. Sabia apenas que ele seria seu novamente e que estava na palma da mão. Bastava voltar. Pedro também sabia, e ao ouvir que seria descartado mais uma vez depois de tudo o que lutou, foi sua vez de se desesperar.

Por telefone, Bia deu seu veredito final e descartou Pedro, que acatou, mas também tomou sua decisão. Marcelo saberia de tudo. Surpresa, porém ciente da coragem de Pedro, Bia correu com seus próprios pés até a casa de Marcelo, achando que evitaria que ele soubesse a verdade. Não era longe, mas não tão próximo. Era o suficiente para que ele ouvisse de Pedro, quase com detalhes, o que havia acontecido antes e depois de perder seu primeiro grande amor.

Quando Bia chegou ofegante já era tarde. Marcelo apenas perguntou se procedia o que ele acabara de ouvir de um estranho, e ela humildemente confirmou. Os dois suavam frio. Um de decepção. O outro de remorso. Ainda bem que estavam sozinhos na casa. Bia passou mal. Marcelo chorou e esmurrou a parede.

Depois de tentar explicar o inexplicável, Bia foi embora sem Pedro e sem Marcelo. Por algum rápido momento em um passado recente, ela já havia previsto esse final. O sentimento que tinha por Pedro, por mais que ela nunca tenha conseguido entender, transformou-se em ódio naquele dia. Ele sabia que cometera um grande erro, mas não conseguia se arrepender. "Se não vai ser minha, também não será de ninguém", pensava.

Aquele não era o fim. Na verdade, o fim não estava nem próximo. Bia ainda teria tudo de novo: Marcelo e Pedro."

terça-feira, 25 de maio de 2010

1, 2, 3, 4, 5...


Nos últimos dois meses eu ouvi muita coisa de muita gente. Mas três frasezinhas foram "especiais."

A primeira foi de uma amiga, que por ser uma grande amiga e estar grávida, eu respirei fundo e fingi que não ouvi. Como eu estava vivendo uma tremenda dor de cotovelo na época, ela disse: "Menina, sai dessa adolescência..."

A segunda foi da minha manicure, que como um ser ignorante e totalmente sem importância na minha vida (exceto o fato de cuidar das minhas unhas uma vez ou outra), comentou a notícia do noivado da minha irmã de 17 anos com o seguinte comentário: "Mulher, tem vergonha! Tua irmã que é mais nova já vai casar e tu ainda tá nessa?"

A terceira foi do pai de uma amiga que, por ele ter mais idade e ser como um segundo pai pra mim, eu respondi de forma bem meiguinha. Ao saber que eu estava solteira e vendo todas as minhas outras amigas se casando, soltou a pérola: "Manu, tu vai ficar pra titia mesmo, é?" Eu, delicadamente, respondi: "Tio, se eu ficar eu vou ser feliz do mesmo jeito."

Não tenham dúvidas de que a primeira resposta que me veio à cabeça em todas as situações foi: "Foda-se!"

E eu não paro de me surpreender comigo mesma.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Homens X Meninos


"Garotos não resistem aos seus mistérios. Garotos nunca dizem não..." (Leoni)

Lá estava eu no casamento de mais uma amiga, morta de feliz já sem sandália e dançando como se não houvesse amanhã, quando a noiva (a essa altura já casada) chega e diz:

Amiga: "Manu, vem cá que eu quero te apresentar uma pessoa".
Eu: "Tá..."
Amiga: "Esse é aqui o Fulano. Fulano, essa é a Manu"
Eu: "Oi, tudo bem?" - pegando no braço e dando dois beijinhos.
Amiga: "Ele é amigo do Sicrano (o marido dela) e foi nosso padrinho"
Eu: "Sério? Que legal!"
Fulano: (sorriso amarelo e silêncio)

Diante da mudez do cidadão e do constrangimento que eu sinto em cenas assim, continuei na minha, dançando e conversando com os amigos, e o rapaz acabou indo embora sem eu nem perceber. Nesse momento, enquanto eu fazia palhaçada com o irmão mais novo da minha amiga e os colegas dele, uma luz caiu sobre mim e tudo começou a fazer sentido.

Eu até me esforço para me interessar por moçoilos da minha idade ou mais velhos, como a grande maioria das mulheres. Mas fica complicado quando um cara se interessa por você e viabiliza um ritual todo formal como esse do diálogo. Eu não sou formal. Odeio formalidades e pessoas sérias. É muito constrangedor e eu, como não sou tímida, odeio me sentir constrangida. Provavelmente, se fosse um cara mais novo teria sido mais original como tenho visto ultimamente.

Além da questão física (porque isso conta sim!), "meninos" sempre me pareceram mais interessantes, pois eles têm uma alegria de viver parecida com a minha e que eu ainda não encontrei em "homem" nenhum. Para me encantar tem que me fazer rir. Tem que me divertir e muito. Carro, independência e a necessidade de um compromisso são fatores que não me comovem se não vierem acompanhados de muita malandragem (no bom sentido, óbvio), bom-humor e aquele olhar de quem está descobrindo o melhor da vida e achando tudo o máximo. Maturidade nenhuma substitui isso.

Homens te levam pra jantar no melhor restaurante e pagam a conta achando que são a última bolacha do pacote. Não, querido. Pode parecer estranho, mas eu trabalho para rachar a conta. O que eu quero em troca é dar muita risada a noite toda. O que eu quero é esquecer aquela situação em que não se sabe onde colocar as mãos e poder conversar sobre qualquer besteira, desde o Projeto Ficha Limpa até o fato de eu não querer assistir Avatar e você tirar onda comigo por isso.

Claro! É preciso haver um equlíbrio. O ideal não existe, e se existe tem um prazo de validade. Homens são cansativos. Meninos são imaturos e egoístas. Homens são decididos. Meninos te divertem. Homens acham que já sabem de tudo. Meninos querem saber de tudo. Homens te protegem. Meninos deixam você cuidar deles.

É confuso demais pra minha cabecinha loira, mas é muito simples de entender. Há meninos que podem até te fazer feliz, mas chega uma hora em que eles não seguram a onda da complexidade de uma mulher de verdade. Já os homens se tornam previsíveis e te fazem sentir dependente deles. E agora?

Agora continuemos à procura da batida perfeita.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Velha infância


"Depois de meses de angústia, dúvida, pressão e muito medo, Bia finalmente criou coragem. Em uma briguinha besta, terminou o namoro com Marcelo que, com toda razão, enlouqueceu enquanto assistia seu mundo desmoronar em minutos. Era noite de uma segunda-feira de agosto.

Na manhã seguinte, após uma madrugada de muita ansiedade e pouco sono, Bia chegou à faculdade com um único objetivo em mente: comunicar Pedro que ele, finalmente, havia conseguido o que tanto pediu à chuva que caía na piscina e se misturava às suas lágrimas.

Quando Pedro a avistou na porta da sala com um sorriso no rosto, qualquer palavra que Bia falasse seria desnecessária. Ele jogou os livros no chão e olhou pra ela, entendendo o recado imediatamente. Pedro apenas abriu os braços e abraçou Bia como se não quisesse soltar jamais, mesmo sem força nenhuma de tanto que tremia de felicidade.

Os dias que se seguiram foram vividos como se fossem os últimos. E talvez seriam, não fosse uma série de ironias e sentimentos que iam se revelendo no decorrer dos anos. (Mas isso fica para um próximo post) Ainda naquela mesma semana, foi o mundo de Bia que desmoronou. A verdade que foi mentira durante anos caiu sobre seu doce lar. Sua família ficou em pedaços e ela não tinha como juntá-los. Talvez nem quisesse.

Pedro seria seu suporte. E foi. No dia seguinte à tempestade, em mais uma tentativa de libertação e de esquecer suas dores, após a pergunta de Pedro, "tem certeza?", a aparente inocência de Bia foi levada. Se era para mudar a vida que fosse de uma vez.

Foram três ritos de passagem vividos em menos de sete dias. Bia estava abrindo o seu porão pessoal e descobrindo um baú cheio de armaduras que, dali em diante, fariam dela a guerreira que é hoje. Mal sabia ela que a vida adulta estava apenas começando."


Trecho do livro que eu preciso escrever um dia.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O que faz você feliz?


Comerciais de supermercado à parte, essa pergunta é tão antiga quanto a busca pelo sentido da vida. Há quem diga que felicidade é um estado de espírito. Outros defendem que com saúde, família e trabalho não se pode reclamar de nada.

Sem entrar nessa discussão, resolvi listar os momentos que me deixam feliz. Aquelas pequenas cenas que desenham um sorrisão no meu rosto ou que, simplesmente, acalmam o coração, dando uma forte certeza de que viver vale a pena demais.

O que me faz feliz?

- Ter a programação do final de semana fechado já na segunda-feira
- Babar por um doce na vitrine e ter tempo e dinheiro pra matar o desejo
- Assistir a um filme e conseguir explicar por que gostei tanto
- Comer caranguejo com o pé na areia
- Feriado na segunda-feira
- Surpresa de namorado
- Pedido de desculpa sincero
- Pegar um bebê no colo
- Brincar com uma criança
- Escrever e ter certeza de que ficou bom
- Hora de lanchar
- Conversar putaria
- Constatar que o tempo passou e tudo ficou resolvido
- Um abraço inesperado
- Beijo roubado
- Acordar cedo e lembrar que posso dormir mais
- Dirigir cantando
- Pintar minhas próprias unhas
- Reencontrar antigos amigos e relembrar antigas piadas (elas parecem mais engraçadas com o passar do tempo)
- Pão com manteiga mergulhado no café bem quente

Felizes aqueles que têm uma listinha assim.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Let's dance!


"The body says what words cannot."
(Martha Graham)

A dança é uma das poucas artes cuja matéria-prima é o próprio artista. Dançar não apenas modela o corpo, mas também exercita o coração.

Sempre adorei dançar. Quando criança, não ia para as festinhas de aniversário para brincar com o palhaço. Eu queria pôr em prática as coreografias da Xuxa que eu aprendia só de assisti-la na TV. Sempre fui exibida. Adorava e ainda adoro um palco.

Dançar faz bem pra mente e pra alma. Enquanto eu me movimento, o mundo para. Sou só eu e eu. Se não for ensaiado, a música me leva pra onde ela quer e aonde a melodia pedir. Se for coreografado, em minutos o sentido da vida é só um: sincronizar. É o meu ideal instantâneo de perfeição.

Enquanto eu danço me sinto livre. Quem vê nem imagina como é difícil e como rola todo um diálogo tenso entre pernas, braços, pés, mãos, cabeça... O coração dispara antes de dançar e depois. Durante, parece que ele nem existe. Qualquer sentimento some. Dissolve no ar de tanto que eu me mexo.

Mas dançar também é sofrer. Não é qualquer um que consegue fazer do corpo a sua língua. Fora isso, ainda existe a dor em seu mais real e absoluto sentido. Sapatilha de ponta dói, distensão na coxa dói, alongamento dói, tornozelo inchado dói, errar o passo dói que só.

Não tem sensação melhor do que fazer um grand jeté lindo, com as pernas em 180° graus perfeitos. Dá vontade de ficar lá, voando, subindo, parando no ar em câmera lenta. Que sensação!

Eu sempre fui molenga, estabanada e acelerada. Tinha que aproveitar isso para algo útil que não fosse destruir enfeites e me esbarrar nas pessoas. Antigamente eu dançava por conta própria, só pelo prazer mesmo. Entrei no ballet há cinco anos. Na verdade eu me matriculei no jazz, que é minha verdadeira e derradeira paixão. Mas a turma não fechou e eu vi que o ballet é bem mais completo. Quem dança clássico dança tudo!

Os movimentos do ballet clássico são muito calculados, lentos e contidos. Uma pessoa agoniada como eu não pode se jogar. Ela precisa se conter ao máximo, o que, para mim, é um desafio diário e eterno. Desde que me conheço por gente, minha eterna luta é essa: me conter e ir devagar. E até nisso o ballet tem me ajudado. Nas aulas, canso de escutar a professora falando coisas do tipo: 'calma!', 'não rebola!', 'devagar!'

E mesmo ainda um pouco aperreada, não desisto. Continuo querendo ser leve e contida. Tentando calcular o movimento com paciência e delicadeza antes de cada passinho, e sem olhar para o chão! Nas pontas do pés, vou desafiando os limites até a música conseguir me parar.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

TIC-TAC


Tudo na vida tem uma hora certa para acontecer. Caso pareça cedo ou tarde, um dia vai ser facilmente compreendido. E se não for, é sempre possível encontrar justificativas, nem que sejam aquelas mais absurdas, como "é porque não era a hora" ou "o que tiver de ser vai ser" (odeio essa última!).

Na maioria das vezes, sou eu mesma que dito meu tempo. Obviamente, só eu conheço meu cronos pessoal. Já aquela força externa que governa minha vida (sinceramente, não sei se é Deus) muitas vezes de forma frustrante, que eu também chamo de azar, concede-me um mínimo de horas sobre as quais eu posso interceder.

Algumas situações são inevitáveis. Adiar é a melhor saída? É melhor deixar rolar logo e se preocupar só depois? Qual a opção mais digna e com a menor margem de erro? Nunca se sabe. O máximo que a gente faz é se basear nas experiências anteriores e tirar a lição.

Eu só sei que o tempo passa. É uma das poucas verdades absolutas do mundo. O relógio continua girando e cumprindo sua missão independente do que aconteça. Na realidade, nós é que vivemos em função do tempo e nos moldamos a ele. É uma corrida infinita. O tic-tac só é relativo mesmo quando é subjetivo. O que pode ser cedo para mim pode ser tarde para você. E é aí que começa toda a confusão.

Ninguém entende o tempo do outro. Todos têm pressa para realizar suas vontades e solucionar seus medos e dúvidas. Eu sei que quando menos se espera, o tempo passou e você está numa outra vibe e já correndo de novo para atingir outras metas.

O que eu desejo nessa bagunça toda é só fazer o que quero e não deixar nada para depois. Isso me prejudica um bocado, mas a esperança está em esperar que eu entre o mais rápido possível na próxima vibe.

Quando o assunto é tempo, ser mulher (para variar) é uma merda. A impressão que dá é que todos à minha volta estão alternando olhares para o relógio e para mim. É porque... Sabe como é, né? Eu preciso chegar aos 30 linda e maravilhosa, ter a vida profissional e amorosa estáveis, entregar trabalhos no prazo, fazer uma atividade física, nunca parar de estudar, viajar o mundo, falar umas três línguas e por aí vai. Não posso JAMAIS aparentar estar parada. E eu aprecio tanto ficar quietinha no meu canto sem ter nada para fazer...

Toda mulher hoje vive comandada pelo deus do tempo ou por pequenos tempos paralelos. Qual a melhor idade para ter um filho? Adia o casamento e faz uma festa de arromba ou se junta logo e faz só uma feijoada para os amigos? "Sai" com o cara no primeiro encontro? No segundo? No terceiro? Espera a poeira baixar para conversar com o ex e entender o que diabo foi que deu nele ou liga logo o 'foda-se'? Acorda cedo para ir correr e ficar sarada ou dorme mais e garante o bom humor durante o dia?

E se eu não me sinto com 26 anos? E se eu ainda danço ballet, rolo no chão, saio pra farra no meio da semana e ainda não tenho planos de sair de casa? E se eu me apaixonar do nada e quiser emendar um namoro no outro? E se eu não for do tipo que faz joguinho e adia algo só para parecer difícil? E se de uma hora para outra eu resolver que o carpe diem é uma bobagem e começar a viver devagar e com calma? Quando eu morrer eu não vou mais estar viva para me arrepender, ora! Já era!

Revoltas à parte, eu respeito o meu tempo. Ele já é ambíguo demais para mim, imagina para os outros. Eu sou lenta e também muuuuito agoniada. Como uma boa egoísta, tenho pressa para tudo o que me interessa. E daí se que eu quero que as lágrimas durem segundos e os sorrisos durem meses?

terça-feira, 11 de maio de 2010

Luz, câmera, paixão!


Comecei a gostar de cinema aos 16 anos, época que tive meu primeiro namorado e nós só podíamos fazer, praticamente, este único tipo de programa. A gente ia toda semana. Chegávamos ao ponto de já ter visto todos os filmes que estavam passando na cidade e ficávamos sem opção. O jeito era ficar em casa ou ir ao shopping só pra lanchar. De tanto ir ao cinema, comecei a aprender os nomes de alguns atores e diretores, e a esperar ansiosamente pelas próximas estreias. Foi totalmente por acaso.

Hoje, assistir filmes virou um hábito necessário. Não apenas uma distração ou uma forma de entretenimento, mas de conhecimento também. Adoro ler sobre o assunto, saber as novidades, conhecer obras de diretores antigos, estudar, analisar... Já pensei em fazer cinema, mas nunca levei a ideia adiante. Acho que eu gosto mesmo é de falar de cinema. Apesar de ter muita curiosidade de ver um filme meu. Ia ser uma mistura doida de referências e influências. Faria algo bem diferente.

A sétima arte traz o mundo até mim. Um lugar onde eu não posso estar ou uma época que eu não pude viver. Por isso sempre preferi os filmes realistas aos fantásticos. Quando comecei essa jornada, assisti de tudo e fui conhecendo os meus gostos. Aprendi, por exemplo, que não gosto quando estipulam gêneros. Drama, comédia, ação, aventura? Um bom filme pode ter de tudo um pouco ou mesmo nada. Nunca se sabe. Considero um filme bom quando ele me envolve, emociona, choca, assusta, faz pensar!

Acredito que o gosto cinematográfico de uma pessoa reflete, e muito, o que ela é. Tipo, você é o que você assiste. Minha personalidade meio infantil e idealista que se choca com o lado mais pessimista e seco me faz babar por filmes com roteiros meio oníricos e fotografias deslumbrantes e por outros mais dramáticos, complexos e minimalistas.

Gosto de sair do cinema querendo saber mais sobre o que acabei de assistir. Por isso adoro os filmes inspirados em fatos reais ou os que exploram temas bem humanos, como doenças, relacionamentos, traumas, sonhos... tudo de forma sutil ou então bem exagerada. Mais um traço bem típico meu.

Hoje meus ídolos são grandes diretores. Tarantino, Almodóvar, Jean-Pierre Jeunet, Scorsese, Truffaut, Hitchcock, Kubrick... Cada um no seu estilo. Cada um representa uma peça diferente que forma o quebra-cabeça confuso que eu sou. É neles que eu me vejo e me entendo. É no escurinho do cinema que eu deliro e sou plenamente feliz.

Ainda tenho muito o que aprender sobre cinema. E é uma das poucas coisas sobre as quais eu tenho uma sede enorme de me informar. Ainda tem muito filme em preto e branco para ver, ainda tem muito clássico para eu assistir. O cinema me dá a sensação de que posso desbravar o mundo sem sair do lugar. E isso é fantástico.

"O cinema é o modo mais direto de entrar em competição com Deus."
(Federico Fellini)