sexta-feira, 1 de julho de 2011

NÃO PODEMOS


Uma vez eu ouvi a seguinte frase: "Os homens nunca deixam de ser criança, os brinquedos é que vão ficando mais caros". Não é de hoje que temos a sensação de que eles pararam no tempo. Afinal, com barba na cara e até filhos nos braços, eles ainda jogam bola, disputam para ver quem tem o carro mais legal, brincam de aviãozinho com aeromodelos, praticam bullying frescando com os defeitos uns dos outros e viram noites e noites jogando videogame. Esse é o homem do século XXI, minhas amigas. É por eles que nós nos apaixonamos e com os quais sonhamos casar.

Você já viu uma mulher brincando de Barbie? De casinha? De elástico ou bambolê? De comidinha de massinha? Não. E sabe por que? Na minha humilde reflexão, aquela história de que todo mundo guarda uma criança dentro de si procede demais. Entretanto, contudo, todavia, a idade e as responsabilidades vão podando isso e a diversão infantil vai ficando cada vez mais rara. Mas os homens também têm suas obrigações. O que permite que eles soltem essa criança sem medo de ser feliz é uma coisa chamada costume (educação, cultura etc.)

Desde que o mundo é mundo, os homens dominam e podem tudo. E qual o "super" argumento que a gente sempre escuta? Porque eles são homens. (sempre que ouço isso dá vontade de mandar neguinho tomar naquele lugar)

Nós temos a mesma criança dentro de nós. Ledo engano achar que é porque amadurecemos mais rápido ou porque mulheres são mais centradas. O que acontece é que nós fomos educadas a "não poder". Enfiaram no nosso DNA que nós não podemos falar palavrão, não podemos beber até cair, não podemos falar alto, não podemos sentar esparramadas, não podemos beijar quem quisermos, não podemos dizer que gostamos, não podemos dizer "sim" logo de cara, não podemos, não podemos e não podemos!

Para a próxima geração de mulheres, eu peço às mães e futuras mães como eu: NÃO PODEMOS. Não podemos nossas meninas! Mostrem que elas também têm o direito de serem crianças pra sempre. Seria muito mais divertido brincar todo mundo junto, meninas e meninos.

podar: po.dar (lat putare) vtd 1 Cortar os ramos ou os braços inúteis de (árvores, videiras e outras plantas). 2 Cortar, desbastar.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Crônica de uma tragédia anunciada

Bia saiu toda linda para trabalhar. Era um dia raro. Estava com mais saco para se arrumar do que de costume, pois quase todas as manhãs ela se fazia a mesma pergunta: "Por que eu tenho que me produzir toda para passar o dia sentada em frente a um computador e ao lado de pessoas nem um pouco interessantes?"

Foi uma manhã como tantas outras. Bia acordou com o ódio tradicional de todos os dias em que acorda antes das 10 horas. Dentes escovados, desodorante, perfume, protetor solar, óculos escuros bem grandes para cobrir o sono e lá se foi. Recebeu pedidos de textos, pautas, ligações, ordens... Finalmente era meio-dia. Voou para casa para ter uma horinha de paz e recuperar um pouco do sono infinito que ela carrega desde que nasceu. Bia dorme como um obeso que come desesperadamente. Sente um prazer indescritível em poder posicionar seu corpo na horizontal, enrolar-se e cair nos braços de Orpheu.

Para variar um pouco, acordou em cima da hora para voltar à labuta. Só deu tempo mesmo de escovar os dentes e lavar o rosto. Ao chegar ao trabalho, a preguiça ainda era mais forte que a vontade de ganhar dinheiro. E por mais que ela ame o que faz e não se imagine trabalhando com outra coisa, todo início de tarde é aquela luta. Bia olha para o relógio de cinco em cinco segundos enquanto enrola para consertar a cara ainda amassada.

Lá para as três e meia, Bia finalmente cria vergonha, lembra que já não tem mais 20 anos e que sua beleza precisa de ajuda. Bia é bonita. Para alguns, linda. Ela já é mais realista e acha que precisa sempre de uma mãozinha de cosmético para se sentir segura e confiante de que faz jus ao que tanto falam por aí.

No banheiro do escritório, ela repara as olheiras com corretivo, passa pó, blush e, especialmente naquele dia, uma boa camada de rímel. Linda e loira, ela volta ao seu posto e retoma o "tec tec" do teclado.

O dia acaba. Bia arruma suas coisas para ir embora com a rapidez de uma lebre. Vê que o elevador está chegando ao seu andar e entra afoita. A porta abre e ela dá de cara com um ex-paquera de uns 11 anos atrás. Como se passou muito tempo e Bia não tem o menor jeito para cumprimentar conhecidos, finge que não reconhece e entra calada. Era o Renato, um cara com o qual Bia cometeu as maiores loucuras que uma adolescente de 16 anos é capaz. Entre elas, beijá-lo à força para fazer ciúme ao melhor amigo dele por quem ela era perdidamente apaixonada. Um cara magrelo, cheio de acne e que cantava numa banda de pagode. Pois é. Não queira entender.

O tempo passou e Bia deixou de ser aquela menina miúda e magrela. Era uma mulher 10 Kg mais gostosa, com curvas e estava devidamente arrumada e maquiada como uma ocasião daquelas pede. Renato não mudou muito, mas já dava para enxergar nele um homem de seus 32 anos e com aquela barriguinha básica. Bia estava se sentindo acima de tudo e de todos.

Os dois estavam sós naquele espaço minúsculo e cercado de espelhos, e Bia não sabia para onde olhar. Só conseguia torcer para que ele não a reconhecesse. Em milésimos de segundo, quando Bia pensou que ia escapar daquele momento constrangedor, o moçoilo diz:

- Beatriz?

Ela, com uma naturalidade fingida, olha fixamente para o rosto dele por um tempo considerável, e como se tentasse reconhecer, retruca:

- Renato?
- É!
- Oi! Tudo bom? - Bia dá um beijo no rosto do rapaz, seguido de um abraço superficial.
- Quanto tempo!
- Pois é! Você também trabalha aqui no prédio?
- Trabalho sim.
- Nossa, que coincidência... - Finaliza ela, rezando para a porta abrir novamente.

Quando Bia já estava feliz por lembrar que eles só tinham apenas um andar para descer juntos e aquela agonia de não saber onde enfiar as mãos ia acabar, Renato proferiu a pergunta clássica e cretina:

- E aí? Já casou?

"Que merda!", pensa Bia. "Até esse cara já está querendo me deixar noiada?" Mas como ela tem resposta para tudo sempre na ponta da língua, responde com deboche e uma certa estranheza:

- Eu não! Não quero pensar nisso tão cedo. E você?
- Já estou namorando há seis anos. Vamos ver, né...

"Ufa!", pensou Bia, que além de se sentir linda ainda demonstrou seu desprezo pela instituição a qual é forçada a fazer parte a todo custo.

Despediram-se rápida e superficialmente e pegaram seu rumo. Toda cheia de si, Bia entra no carro com o sorriso de missão cumprida no rosto e se olha no espelho para conferir o visual. Ao abaixar o retrovisor em sua direção, lá estava ela! Branca, grande, redonda e brilhante! Uma remela enorme no canto interno do seu olho esquerdo.

- Puta que pariu!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Porão do Coração Especial

Hoje este humilde blog faz um ano de vida. Ele surgiu, após tantas tentativas frustradas, num momento difícil da vida desta blogueira como uma forma de ocupar a mente e o coração. Para a minha surpresa foi muito bem recebido pelos amigos e por "estranhos" que passaram a comentar, favoritar e até pedir para eu escrever mais.

O objetivo nunca foi agradar ninguém e muito menos me tornar uma webcelebridade. O que eu sempre quis através dos meus textos foi mostrar para as pessoas que alguém pensa como elas e passa por situações bem parecidas. Mas nada de auto-ajuda ou lição de moral. Eu escrevo para pensar. Para eu mesma pensar. E que bom que meus leitores estão pensando junto comigo. Assim fica tudo mais divertido.

Achei que não fosse durar muito tempo por aqui e estou surpresa com este ano que passou e com o tanto de coisa que pude viver e refletir "literariamente". Viver é complicado e ninguém quer passar por essa vida só por passar. Eu, pelo, menos quero passar direito, com intensidade e paixão.

E por falar em paixão, o vídeo de aniversário tem tudo a ver com o dia de hoje: Dia Mundial da Dança. A cena é do filme Sob a Luz da Fama e tem uma das coreografias mais fantásticas que eu já vi. Dançar de ponta não é fácil, ainda mais essa música do Jamiroquai. É de deixar qualquer bailarina de queixo caído e, como diz minha professora de ballet, querendo cortar os pulsos!

UPDATE (agora sim o vídeo com o áudio correto e original!)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Prazo de validade

As palavras têm validade. Uma declaração proferida de todo o coração e com a maior sinceridade possível é dita e ouvida, mas vai com o vento e o tempo. Os dias passam, os obstáculos aparecem e as provações ficam cada vez maiores. A memória falha e aquela verdade começa a ser corroída.

Não se pode jogar fora. É preciso reciclar, relembrar, reforçar. "Eu ainda te amo. Ainda quero estar sempre ao seu lado. Quero ultrapassar tudo isso de mãos dadas com você." Aí o coração se reconforta e reaquece.

Declarações dolorosas, ofensas impulsivas, reclamações e promessas de ódio eterno também são levadas pelo ar e vencidas pela sabedoria e pelo perdão. Não se deve deixá-las apodrecendo na geladeira e contaminando tudo o que ainda está saboroso. Lembre-se de renovar seu estoque sem ter que sentir dores no estômago.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mudanças

Se você me perguntar se eu acho que as pessoas são capazes de mudar, minha resposta é não. Eu acredito, na verdade, que nós somos capazes de melhorar. Mudança é um conceito muito amplo e subjetivo para começo de conversa e, em muitos casos, a gente só pensa nele quando deseja que alguém mude ou quando nos cobram uma mudança.

Creio que cada um de nós possui uma essência imutável. Um caráter mesmo que nasceu com a gente e foi lapidado pelo meio. Ele está ali apenas se adaptando às situações e às fases da vida. Obviamente, você não é o mesmo que era quando criança. Mas maturidade é diferente de mudança.

No fundo no fundo, muita gente gostaria de acreditar que o ser humano é sim capaz de mudar seu temperamento, suas atitudes, suas reações, seus instintos e seus impulsos. Eu sou uma. Pena que não é bem assim. Não sou psicóloga e nem quero dar uma de, mas acho que fortes experiências têm o poder de modelar uma personalidade. Aquela história de tratamento de choque, sabe? Tem gente que só toma jeito na marra.

Eu já "mudei" muito. Já tomei muito na cara e ainda tomo até hoje. As mulheres são bem piores nesse aspecto, pois são teimosas, muitas possuem um temperamento forte e ainda carregam aquela obrigação inconsciente de estar sempre se impondo em tudo. Nas relações essa questão é ainda mais complicada, pois exige pequenas mudanças constantes e em todos os níveis. Você acaba tendo que ser um pouco diferente de acordo com a situação. E isso é saudável até um certo ponto, claro.

O ser humano não muda, ele aprende a viver.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Mariamos

Se você odeia Big Brother e acha tudo aquilo uma grande besteira, pode parar sua leitura por aqui. Como vários blogueiros e colunistas, hoje eu também vou falar da Maria, a vencedora do 11º BBB.

Começo confessando que esta foi a edição que menos acompanhei. Não consegui ter afeição especial por nenhum participante como sempre tive nas outras vezes. Acompanhei já perto do final e apenas como uma simples voyeur. Não sou hipócrita de achar que assistir algo assim é alienador. Tenho discernimento suficiente para acompanhar algo simplesmente por diversão, independente do que os pseudo-intelectuais dizem por aí. Mas vamos ao que interessa, né?

Maria, que belo nome. (Vocês sabiam que eu ia me chamar Maria?) Um nome meio santificado e bem antiquado, totalmente diferente da nossa "personagem". Maria conseguiu reunir vários tipos de mulher em uma só, inclusive o seu tipo, querida leitora.

De início ela assustou todo mundo com uma fama e um comportamento, digamos, fora dos padrões das nossas avós. Depois foi se tornando apenas mais uma. Uma como todas. Todas nós já fomos meio Maria uma vez na vida.

Eu sei bem que você também já se sentiu uma Maria. Sei que você já foi rejeitada e chegou a implorar, nem que seja pro seu próprio travesseiro, que aquele cara te aceitasse de volta. Sei exatamente como você chorou, quis morrer e prometeu vingança. Todas nós já odiamos quem não nos quis, dois segundos depois amamos de novo e pensamos em perdoar tudo só para não ficar sozinha.

Você também achou o fim da picada, assim como eu, quando ela tentava seduzir o cara de quem gostava e parecia estar disposta a ir até os últimos suspiros do amor próprio e da dignidade. Você pensou e falou exatamente igual àquela sua amiga que brigava e tomava o celular da sua mão para você, completamente bêbada, não mandar um SMS pro seu ex.

Sei que você já teve vontade de dançar até o chão enlouquecida numa festa só para mostrar pro cara tudo o que ele estava perdendo. Sei também o quanto você já quis que ele te visse logo com outro pra acordar pra vida e sofrer tanto quanto você sofreu, e de preferência bem mais.

Não vou entrar no mérito da profissão que dizem que ela exerceu porque cada um faz o que quer da vida, não é mesmo? Antes de ser qualquer coisa, ela nos representou como as mulheres confusas, cobradas e impulsivas que somos. Além do mais, eu ADORO quando tabus são quebrados e os moralistas de plantão ficam putos por detectar que estão se tornando, no decorrer do tempo, uma minoria beeeeem pequenina. Meus parabéns não vão pra ela, vão para o povo que abriu a cabeça e deixou de frescura. E assim caminha a humanidade.

terça-feira, 22 de março de 2011

Trailer

Assim como eu, certamente você já achou que seu relacionamento era o mais difícil do mundo. Todos os casais já pareceram incrivelmente felizes como em final de novela. Eu sei muito bem o ódio que você sentiu quando estava muito puta com seu namorado pela milionésima vez pelo mesmo motivo e avistou dois amantes passeando pelo shopping de mãos dadas sorrindo pra vida e rindo um do outro, dando a maior impressão de que eles são assim 24 horas.

Dia desses tomei um susto ao saber que um casal, que eu tinha certeza ser o mais bem resolvido de todos os casais da Via Láctea, alimentava uma relação confusa. A informação veio de uma amiga em comum, que ao pé do ouvido disse: "a história deles é complicada." E aquilo pareceu mais grave do que eu imaginava, visto que eles estão prestes a se casar e a minha amiga não quis entrar em detalhes. Tenso.

Por mais que uma história de amor seja linda, ela tem seus altos e baixos. Em todo e qualquer relacionamento, inclusive nos de final de novela, a felicidade é mutável. No início há o entusiasmo e a euforia da novidade e da vontade de fazer tudo ao mesmo tempo e agora. De viver o amor como se fosse acabar a qualquer momento. Tudo é lindo, cor de rosa, romântico e ninguém quer estragar essa fase por nada. Mas o tempo passa, a paixão acaba e o belo se muda para outros departamentos.

Não é à toa que fazem piada com casamento e dizem que é uma instituição falida e que é muito dificil manter um. Ninguém nunca falou que era fácil. A cerimônia é linda e a lua de mel parece inesquecível. Mas é só um trailer. Vai assistir o filme depois pra você ver! Depois de pagar caríssimo para mostrar pra Deus e o mundo que vai ser feliz para sempre, entre as quatro paredes o casal realmente se casa e o filme começa.

No filme da vida real, o romantismo e a felicidade estão em fazer as pazes após uma briga homérica, em entender como você pode amar imensamente alguém tão cheio de defeitos, em ver como todas aquelas atitudes que lhe irritavam e tiravam seu sono simplesmente ficaram pequenas, em aprender a adivinhar o que o outro está pensando só pelo olhar e evitar uma confusão... O belo deixa de ser uma declaração de amor pública e se torna a mera lembrança de comprar sua fruta preferida na feira do mês.

terça-feira, 1 de março de 2011

Receba seu dinheiro de volta

Se você é mulher e tem mais de 20 anos, provavelmente já deve ter entendido que a vida não é uma comédia romântica hollywoodiana, e eu sei bem que o momento dessa descoberta foi bem chato. Nós meninas crescemos acreditando que os homens podem ser, sim, super fofinhos quando apaixonados e fariam o impossível para nos ter em seus braços porque, afinal, nós somos lindas, espertas e legais.

Tenho certeza que algum dia na sua vida você achou que seu ex-namorado cafajeste correria atrás de você no aeroporto, empurrando pessoas e convencendo guardas a entrar na sala de embarque para te pedir em casamento. Certamente, em algum momento, você ficou esperando conhecer o homem da sua vida numa fila de banco ou esbarrando com ele no meio da rua. Também aposto que já parou para questionar se aquele seu super melhor amigo não era, na verdade, apaixonado por você, mas tinha medo de se declarar. Tenho certeza que acreditou que poderia encontrar sua alma gêmea num chat ou que aquele gostosão do colégio acabaria caindo aos seus pés, mesmo você sendo gordinha, usando óculos fundo de garrafa e aparelho ortodôntico externo.

Amaldiçoadas sejam Meg Ryan, Julia Roberts, Jennifer Aniston, Drew Barrymore, Reneé Zellweger, Sandra Bullock, Kate Hudson, Katherine Heigl...que nos contaram histórias que até agora não aconteceram. Onde estarão Hugh Grant, Bradley Cooper, Richard Gere, Tom Hanks, Freddie Prinze Jr., Ryan Reynolds...? Pois é. Era tudo um filme com um maldito final feliz que te fez acreditar a vida toda que também podia acontecer com você.

Várias pesquisas apontam que comédias românticas podem prejudicar relacionamentos amorosos e até causar depressão. Ok. Antes de dizer que isso é um exagero, lembre-se que você já passou por pelo menos uma daquelas situações. Então, nada de esperar e querer que as pessoas adivinhem o que você pensa e deseja. Além do mais, imagina a merda que seria se você fosse impedida de fazer a viagem dos seus sonhos por causa daquele maldito filho da mãe! Nas filas de banco só tem idoso pegando nossa frente e as ruas estão cheias de guardadores de carro te chamando de "PRECESA". Muito provavelmente aquele amigão do peito seja gay, e bater papo na internet está ficando cada vez mais over. Fora que a probabilidade do garotão bonitão e saradão não ter nadinha na cabeça é gigante.

E vamo combinar: de um tempo para cá ficou muito mais fácil acreditar nas aventuras e suspenses policiais, né?

UPDATE:

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Porão do Coração 7

Posso falar? Fico arrepiada sempre que vejo essa cena. Tá, eu sou besta. E as novidades? Na verdade, esse vídeo está aqui hoje mais pela música do que pelo filme, mesmo ele sendo muito legal também.

Quando vi Gwyneth Paltrow cantando lindamente assim, em um milésimo de segundo passou pela minha cabeça a possibilidade de poder cantar também. Mas só foi um milésimo e eu já entendi que sou rouca demais para isso. Concordem comigo, entretanto, que Cruisin tem uma melodia capaz de embalar qualquer situação, desde um casamento (vai tocar no meu, certeza!) até uma baladinha. Ela faz parte da minha lista de canções "SOU FELIZ". Aquelas que eu canto bem alto enquanto dirijo e a galera fica me chamando de doida quando para do meu lado no semáforo.

Sintam, cantem, aprendam a letra e achem que também sabem cantar. Não tem problema. Aqui o artista é você.



Duets - Vem Cantar Comigo (2000)
Direção: Bruce Paltrow
Elenco: Gwyneth Paltrow, Maria Bello, Paul Giamatti, Huey Lewis.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Na prateleira

Se tem uma coisa que tira meu humor por um mês é rótulo. Nada mais medíocre do que definir uma pessoa a partir de um fato superficial e estipular essa definição como algo engessado. Quem mais sofre com isso sou eu, que sou transparente e sincera demais. Não tenho medo de dizer e demonstrar meu estado de espírito. Na verdade, nem preciso fazer nada. É perceptível a quilômetros. O máximo que eu posso é poupar a sociedade tentando falar sobre minhas neuras para as pessoas certas. Mas mesmo assim, tem sempre um discretinho de plantão achando tudo um absurdo.

Agora eu tenho que fingir que não tenho coração, que não sofro e que nada me abala. Caso contrário eu fico rotulada como dramática, uma pobre coitada que passa anos na fossa, que reclama de tudo, é exagerada ou desequilibrada. Maldita hipocrisia humana. Não sei se vocês sabem, mas aceitar e viver qualquer tipo de emoção faz com que ela acabe mais rápido do que fazer de conta que ela não existe e que você é inatingível. É uma teoria tão lógica que é quase matemática. Precisa desenhar não, né? Também não posso desejar nada a longo prazo que me torno uma inocente, infantil e idealizadora. Até dizer que quero ser feliz do meu próprio jeito vira motivo de piada. Qual é mesmo a graça? O pior é que, muitas vezes, os rotuladores são aqueles que menos me conhecem.

Sonho com o dia em que ninguém mais seja rotulado, julgado e criticado por ser como é. Idealizo, sim, um mundo onde o homem resolva gastar suas energias para resolver problemas mais sérios do que adjetivar pessoas como se fosse guardá-las num armário e separá-las por categoria. Seria ótimo aprender a escutar, refletir e filtrar o que dizer. Isso também serve para mim.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Porão do Coração 6

Olha, eu confesso que nem gostei muito de Ó Paí Ó, mas essa cena é, para mim, uma das mais incríveis do cinema brasileiro. Eu sou bem patriota cinematograficamente falando. De um modo bem geral, acho nossas produções belíssimas e inteligentes. Como meu gosto para filmes é muito peculiar - detesto ficções científicas, filmes de ação, épicos etc. - tenho um verdadeiro fascínio por obras mais simples, porém feitas de coração e com toda a luta que nós sabemos muito bem ser necessária para se fazer arte nesse país.

Não troco um Cidade de Deus da vida por Avatar nenhum. A tela de cinema, na minha cabecinha, não é nada menos que uma grande janela com vista para a realidade que não temos o costume de ver de onde estamos. E quanto mais próxima da nossa cultura, mais real. Coisa de gente realista/pessimista. Vocês entendem, né?

Na cena escolhida, duas sumidades em um mesmo plano e dividindo um diálogo fantástico. O humor brasileiro é, sem sombra de dúvidas, o melhor do mundo. Eu chorei de rir.



Wagner Moura, o muso de todas nós. Amém.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Conta-gotas


Vamos supor que nós temos uma cota de raiva para usar durante toda a vida. É uma quantidade limitada e você precisa saber gastá-la muito bem. Não porque ela é bacana, mas porque acarreta tudo que é tipo de consequência. Efeitos colaterais inimagináveis. Melhor estar sempre alerta e "apreciar" com moderação. A diferença entre o remédio e o veneno é só a dose, lembra?

Eu sei que a raiva nos deixa malucos e, dependendo do motivo, até insanos. Seria perfeito que nos momentos críticos sempre tivéssemos um tempinho para pensar se vale à pena mesmo explodir, reclamar ou fazer cara feia. A maldita respinga em quem estiver por perto se você resolver gastá-la demais por pouca coisa. Pegou no olho, cega.

Se você derramar uma grande quantidade num copinho, certamente vai transbordar. Fora que quando precisar usar de verdade, pra soltar os cachorros com razão e fazer neguinho se arrepender de ter nascido, cadê? Sua cota já vai ter acabado e você não vai mais poder descarregar aquela energia toda e exigir que o mundo lhe entenda e manere mais nas pegadinhas.

Não custa nada viver nessa hipótese. Talvez doses homeopáticas de raiva tragam um pouco de equilíbrio à existência humana e às relações em geral. Fica a dica de alguém que já está nas últimas gotinhas.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Porão do Coração 5

Ainda no clima nostálgico, o vídeo de hoje é de um filme que adoro. É puro, tem atrizes incríveis no elenco e fala exatamente sobre as belezas e os dramas da juventude. Tudo bem que é a juventude de uma outra época, mas certamente os sentimentos e as armadilhas não mudaram muito.

Anota aí: Agora e Sempre (Now and Then). O ano de lançamento é 1995, quando eu era apenas uma pirralha magrela de 12 anos contando as horas pra crescer. Mal sabia eu que um dia me arrependeria desse desejo.



Estrelando: Demi Moore, Christina Ricci e Melanie Griffith.

"Pra você correr macio..."

Ultimamente eu venho tendo repetidamente a mesma sensação: a de que o tempo está passando. Já não sou mais criança e recentemente me toquei que não sou mais adolescente. É, pode rir. Mas eu me sentia uma garotinha até um dia desses. Na verdade, verdade mesmo, confesso que ainda me sinto assim algumas vezes.

Não sei se é porque minha vida mudou pouquíssimo nos últimos 10 anos ou se tenho Síndrome de Peter Pan, mas tenho uma alma muito infantil. Ao mesmo tempo vejo as folhinhas do calendário voarem e me pergunto: "E agora? O que eu tenho que fazer?" A vontade é de voltar atrás, não para fazer diferente, mas exatamente igual. A vontade é de me sentir descobrindo o mundo, as emoções, as pessoas, as diferenças, as primeiras vezes...

A adolescência nada mais é que a idade das descobertas e da adrenalina que se sente em alto nível diante de cada uma. Eu sei que terei outras novidades ainda na vida, mas nunca serão como aquelas. Nunca sentirei a mesma palpitação, o mesmo êxtase e a mesma euforia. Naquela época, qualquer besteirinha tomava enormes proporções. Tudo era um evento que implicava numa grande ansiedade, muita falação e registros nas agendas. O mínimo facilmente se transformava no máximo. E o humor? Começava o dia me sentindo a melhor e terminava com a autoestima lá embaixo e numa depressão quase patológica. Ow drama!

Hoje me sinto num dilema de querer agir como uma adolescente, vestir-me como tal, viver e curtir como uma menina de 16 anos, mas tendo que bancar a adulta. Os olhares e comentários venenosos não perdoam. Ser adulto é muito sem graça.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Espelho, espelho meu...


Narciso se apaixonou pela própria imagem refletida na água e morreu afogado. Muito tempo depois ele reencarna em mim e eu me vejo fazendo um template novo pro blog cheio de fotos minhas. Mas não é novidade que eu sou narcisista. Quando eu tiver minha própria casa ela não terá paredes, e sim espelhos.

Eu gosto de mim. Muito. E já fui bastante criticada e chamada de convencida. Já vi gente se irritar e ser grossa comigo por isso. Mas em contrapartida, sempre aparece alguém dizendo aquela máxima "inédita" de que a gente precisa se amar para ser amada. Então qual o problema em gostar de si mesma? Se você se acha linda e maravilhosa, ignore o que as pessoas dizem. É a sua opinião e a das pessoas que você ama que conta. O resto é bosta, gata!

Nunca entendi por que essa necessidade social de ser modesta. Por que eu não posso concordar se alguém me elogia? Por que eu preciso fingir que estou encabulada? Por que, por mais que a pessoa se sinta o máximo, ela tem que dizer "imagina... são seus olhos"? Quanta hipocrisia, Brasil! Um amigo meu é indignado comigo porque ele diz que eu não sei receber elogios. Disse até que ia parar de me elogiar porque ele nunca consegue me deixar tímida. Sempre tenho uma resposta que desarma.

A beleza é necessária sim. O mercado de cosméticos e as lotações nas clínicas de estética estão aí para provar. O espelho é seu melhor amigo. Acredite nele. Se ele diz que você é linda, você é. Se ele não demonstra satisfação com sua aparência, corra atrás do prejuízo. Mas dentro dos limites da saúde, por favor! E não me venham com aquela de que o que importa é a beleza interior. Beleza interior é obrigação, amore mio.