sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Conta-gotas


Vamos supor que nós temos uma cota de raiva para usar durante toda a vida. É uma quantidade limitada e você precisa saber gastá-la muito bem. Não porque ela é bacana, mas porque acarreta tudo que é tipo de consequência. Efeitos colaterais inimagináveis. Melhor estar sempre alerta e "apreciar" com moderação. A diferença entre o remédio e o veneno é só a dose, lembra?

Eu sei que a raiva nos deixa malucos e, dependendo do motivo, até insanos. Seria perfeito que nos momentos críticos sempre tivéssemos um tempinho para pensar se vale à pena mesmo explodir, reclamar ou fazer cara feia. A maldita respinga em quem estiver por perto se você resolver gastá-la demais por pouca coisa. Pegou no olho, cega.

Se você derramar uma grande quantidade num copinho, certamente vai transbordar. Fora que quando precisar usar de verdade, pra soltar os cachorros com razão e fazer neguinho se arrepender de ter nascido, cadê? Sua cota já vai ter acabado e você não vai mais poder descarregar aquela energia toda e exigir que o mundo lhe entenda e manere mais nas pegadinhas.

Não custa nada viver nessa hipótese. Talvez doses homeopáticas de raiva tragam um pouco de equilíbrio à existência humana e às relações em geral. Fica a dica de alguém que já está nas últimas gotinhas.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Porão do Coração 5

Ainda no clima nostálgico, o vídeo de hoje é de um filme que adoro. É puro, tem atrizes incríveis no elenco e fala exatamente sobre as belezas e os dramas da juventude. Tudo bem que é a juventude de uma outra época, mas certamente os sentimentos e as armadilhas não mudaram muito.

Anota aí: Agora e Sempre (Now and Then). O ano de lançamento é 1995, quando eu era apenas uma pirralha magrela de 12 anos contando as horas pra crescer. Mal sabia eu que um dia me arrependeria desse desejo.



Estrelando: Demi Moore, Christina Ricci e Melanie Griffith.

"Pra você correr macio..."

Ultimamente eu venho tendo repetidamente a mesma sensação: a de que o tempo está passando. Já não sou mais criança e recentemente me toquei que não sou mais adolescente. É, pode rir. Mas eu me sentia uma garotinha até um dia desses. Na verdade, verdade mesmo, confesso que ainda me sinto assim algumas vezes.

Não sei se é porque minha vida mudou pouquíssimo nos últimos 10 anos ou se tenho Síndrome de Peter Pan, mas tenho uma alma muito infantil. Ao mesmo tempo vejo as folhinhas do calendário voarem e me pergunto: "E agora? O que eu tenho que fazer?" A vontade é de voltar atrás, não para fazer diferente, mas exatamente igual. A vontade é de me sentir descobrindo o mundo, as emoções, as pessoas, as diferenças, as primeiras vezes...

A adolescência nada mais é que a idade das descobertas e da adrenalina que se sente em alto nível diante de cada uma. Eu sei que terei outras novidades ainda na vida, mas nunca serão como aquelas. Nunca sentirei a mesma palpitação, o mesmo êxtase e a mesma euforia. Naquela época, qualquer besteirinha tomava enormes proporções. Tudo era um evento que implicava numa grande ansiedade, muita falação e registros nas agendas. O mínimo facilmente se transformava no máximo. E o humor? Começava o dia me sentindo a melhor e terminava com a autoestima lá embaixo e numa depressão quase patológica. Ow drama!

Hoje me sinto num dilema de querer agir como uma adolescente, vestir-me como tal, viver e curtir como uma menina de 16 anos, mas tendo que bancar a adulta. Os olhares e comentários venenosos não perdoam. Ser adulto é muito sem graça.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Espelho, espelho meu...


Narciso se apaixonou pela própria imagem refletida na água e morreu afogado. Muito tempo depois ele reencarna em mim e eu me vejo fazendo um template novo pro blog cheio de fotos minhas. Mas não é novidade que eu sou narcisista. Quando eu tiver minha própria casa ela não terá paredes, e sim espelhos.

Eu gosto de mim. Muito. E já fui bastante criticada e chamada de convencida. Já vi gente se irritar e ser grossa comigo por isso. Mas em contrapartida, sempre aparece alguém dizendo aquela máxima "inédita" de que a gente precisa se amar para ser amada. Então qual o problema em gostar de si mesma? Se você se acha linda e maravilhosa, ignore o que as pessoas dizem. É a sua opinião e a das pessoas que você ama que conta. O resto é bosta, gata!

Nunca entendi por que essa necessidade social de ser modesta. Por que eu não posso concordar se alguém me elogia? Por que eu preciso fingir que estou encabulada? Por que, por mais que a pessoa se sinta o máximo, ela tem que dizer "imagina... são seus olhos"? Quanta hipocrisia, Brasil! Um amigo meu é indignado comigo porque ele diz que eu não sei receber elogios. Disse até que ia parar de me elogiar porque ele nunca consegue me deixar tímida. Sempre tenho uma resposta que desarma.

A beleza é necessária sim. O mercado de cosméticos e as lotações nas clínicas de estética estão aí para provar. O espelho é seu melhor amigo. Acredite nele. Se ele diz que você é linda, você é. Se ele não demonstra satisfação com sua aparência, corra atrás do prejuízo. Mas dentro dos limites da saúde, por favor! E não me venham com aquela de que o que importa é a beleza interior. Beleza interior é obrigação, amore mio.