quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Quem sabe faz a hora

Toda manhã eu acordo e peço que meu dia seja bom. Faço isso diariamente e mesmo assim coleciono vários dias péssimos. Todo réveillon eu como 12 uvas, estouro champagne e recebo vários desejos de feliz ano novo. Também já tenho alguns anos bem ruinzinhos para contar história. De todas as milhões de pessoas no mundo que rezam, pedem e fazem rituais para trazer sorte, quantas tiveram problemas de saúde, morreram, viveram dilemas familiares, violência, sofrimentos etc...? Muitas, né?

Diante disso, a que conclusões podemos chegar?

a) Não estamos pedindo direito, com toda a força e fé possíveis.
b) É tudo uma grande bobagem para esconder nossas frustrações atrás de um
otimismo cômodo.
c) Tem gente que acredita mesmo em superstição e tem até um certo TOC.
d) Manu, você é mesmo uma pessimista incurável.

Sem desmerecer nenhuma das alternativas, pois cada uma tem seu fundo de verdade, eu acho mesmo é que somos muito pretensiosos. E sabe o que mais? Temos mais é que ser mesmo. Já escrevi N posts falando de atitude porque acredito no poder do ser humano de mover montanhas e causar rebuliços. Acredito nisso acima de qualquer fé, doutrina, deus e religião. Somos nós que fazemos o mundo, nossa vida e nosso destino.

Não é crime nenhum desejar um dia agradável e um ano fantástico, seja lá de que forma for. Também é permitido aceitar os beijos e abraços na hora da virada e distribuir votos de felicidade às pessoas queridas. Se você não comer as uvas, não vestir branco, não guardar as sementes de romã ou não conseguir pular as sete ondinhas, não tem problema. Não vai ser por causa disso que seu ano vai ser ruim. O segredo é só manter os pés bem enfiados na areia depois.

Em 2011 não espere. Faça acontecer!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Click!


Eu odeio fins. Odeio com toda a minha força. Mas a cada dia eu aprendo um pouquinho mais a lidar com eles, mesmo tendo consciência de que nunca vou me acostumar 100%. E por saber que tudo é finito, adquiri o hábito de "fotografar" alguns momentos. Aqueles raros que a gente sabe que não se repetirão nunca mais. E se não sabe, sente que é uma beleza. Alguns podem não significar um fim, e sim um começo, mas são tão especiais que merecem ser lembrados por toda a vida. E afinal, nada se repete. Tudo acaba para recomeçar de outra forma.

Eu costumo olhar fixamente todos os detalhes de cenas importantes a fim de registrá-los no consciente e nunca mais esquecer. Tento decorar as imagens, os rostos, o cheiro, o sabor... E só há uma forma de conseguir: sentindo. Vivendo com força, entende?

O primeiro e último beijo em alguém que mora muito longe e que você sabe que não verá mais; a emoção da sua entrada de véu e grinalda no dia do seu sonhado casamento; o rostinho do seu filho na primeira vez que vocês se viram ainda na sala de parto; a intensidade do abraço de um amigo que vai embora; o contexto da primeira vez que você encontrou o amor da sua vida, a roupa que vocês usavam, o que cada um falou, quem estava perto; a textura do braço gostoso da sua bisavó; a cor do mar da sua cidade preferida...

Quisera eu conseguir sempre fazer esses registros. A vida é tão conturbada que as cenas mais lindas muitas vezes passam sem a gente se tocar. Eu tenho a mania de querer lembrar a fala exata de algumas pessoas para não esquecer o que elas sentem. Raramente consigo. Sempre falta um detalhe importante ou então a bagunça do tempo faz tudo ficar embaralhado.

A vida é um eterno recomeço. Todo segundo é um começo e todo próximo segundo é um fim. É preciso apenas entender o que merece ser registrado. Câmeras a postos?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A sorte de um amor tranquilo


Você me conhece e conhece bem. Sabe que não pode me deixar ir, pois sou exatamente tudo aquilo que você queria. Seu sorriso de fechar o olho não te deixa negar. Por menor que fique, faz crescer toda a verdade que você tentou esconder em vão.

Com seu carinho infantil eu me vejo a criança mais distraída. É muito amor derramado em minutos de dengos. Rio do seu riso que ri da minha impaciência. No final, tudo vira uma grande brincadeira que faz eu me perguntar por que preciso ser assim.

Não tem como não acreditar no que você fala. Sua voz melosa, porém firme me deixa sem saída. A minha, rouca e feroz, emudece diante da segurança que ganhei como um presente embrulhado à mão com todo o cuidado do tempo.

Com você eu olho sempre para frente. Nada me desvia o olhar, mas tudo me dá medo. Tudo que é lindo demais é frágil. Precisa ser mantido com a delicadeza que só você sabe ter em contraste à minha inquietude. Só com você que minha necessidade natural de cuidar descansa um pouco e me permite ser cuidada por um amigo apaixonante.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Passando da hora

Já nos livramos do espartilho, conquistamos o voto e o direito de trabalhar fora de casa, "queimamos" sutiãs, fizemos uma revolução sexual, chegamos a cargos de chefia e até à Presidência da República. Mas e você amigo homem? Qual foi o seu progresso?

A mulher já evoluiu e continua evoluindo em tudo o que pode. Às vezes demora um pouco, mas a gente acaba conseguindo. Só falta você, caro macho predador, começar a sair da mesma posição engessada de escolher, talvez inconscientemente, enrolar-se com o mesmo tipo de mulher.

Nossa cabecinha já mudou. Estamos mais livres, mais abertas, menos cheias de amarras. Paramos de perdoar traições e de aceitar maus tratos, já conseguimos descontar tudo na mesma moeda, a botá-los para trocar fralda... Mas parece que não tem jeito e vocês continuam escolhendo as certinhas e as mais complicadas. Salvo raríssimas exceções, ainda escuto muitos homens dizerem: "essa aí todo mundo já pegou", "aquela lá não serve para namorar". Voltamos no tempo, é isso?

Tudo bem. Vai que a menina é de família, educada, discreta e tem fama de santinha. O cara só quer se tiver um item complicador na história. Se der tudo certo, parece que fica sem graça. É sempre preciso ter um namorado na jogada, um pai militar, um intercâmbio no Japão ou simplesmente uma "cudocice" básica de menina mimada.

Juro como não entendo. Vocês são contraditórios, pois parecem gostar de desafios, mas ao mesmo tempo são todos covardes e fogem como ratinhos no primeiro problema. Como li numa coluna escrita por um homem semana passada, "a coragem masculina é firme feito paçoquinha. Esfarela num sopro". Vocês mesmos sabem disso.

Decidam-se e encontrem um foco. Ou pelo menos virem o disco. Esse discurso já deu. Chegou a hora de uma revolução masculina e uma queima de cuecas boxer em bares públicos. Mudem seus pensamentos. Esse já não cola mais. A gente promete que faz um draminha bacana de vez em quando.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Porão do Coração 4

O vídeo de hoje tem gostinho de saudade. Eu era pequenininha quando presenciava meu pai ouvindo o LP (sim!) de Grease - Nos Tempos da Brilhantina. Acabei escutando e aprendendo todas as músicas por tabela. Ele e minha mãe até fizeram uma festa temática dos anos 50 para reunir os amigos quando eu tinha uns três anos.

Sou muito fascinada por essa época em que as meninas começaram a usar calças, namorar com quem quisessem, dançar rock sem medo e mascar chiclete para parecerem moderninhas. Tenho a impressão que o mundo era preto e branco até a virada da década de 50 e começou a ficar colorido exatamente aí. Vai entender!

Sempre digo que queria ter sido adolescente nesse tempo, mesmo sabendo, no fundo, que eu não teria sido feliz. Mas eu queria (e ainda quero) usar essas saias longas e rodadas de bolinha, óculos de gatinha e rabo de cavalo preso com fitas de cetim. Lindo demais, Brasil!

Grease é um dos meus xodós cinematográficos e o DVD foi um dos primeiros presentes que alguém especial me deu. Não sou do tipo que assiste a um mesmo filme várias vezes, mas esse merece!



É, Sandy, as coisas não mudaram...