quarta-feira, 30 de março de 2011

Mariamos

Se você odeia Big Brother e acha tudo aquilo uma grande besteira, pode parar sua leitura por aqui. Como vários blogueiros e colunistas, hoje eu também vou falar da Maria, a vencedora do 11º BBB.

Começo confessando que esta foi a edição que menos acompanhei. Não consegui ter afeição especial por nenhum participante como sempre tive nas outras vezes. Acompanhei já perto do final e apenas como uma simples voyeur. Não sou hipócrita de achar que assistir algo assim é alienador. Tenho discernimento suficiente para acompanhar algo simplesmente por diversão, independente do que os pseudo-intelectuais dizem por aí. Mas vamos ao que interessa, né?

Maria, que belo nome. (Vocês sabiam que eu ia me chamar Maria?) Um nome meio santificado e bem antiquado, totalmente diferente da nossa "personagem". Maria conseguiu reunir vários tipos de mulher em uma só, inclusive o seu tipo, querida leitora.

De início ela assustou todo mundo com uma fama e um comportamento, digamos, fora dos padrões das nossas avós. Depois foi se tornando apenas mais uma. Uma como todas. Todas nós já fomos meio Maria uma vez na vida.

Eu sei bem que você também já se sentiu uma Maria. Sei que você já foi rejeitada e chegou a implorar, nem que seja pro seu próprio travesseiro, que aquele cara te aceitasse de volta. Sei exatamente como você chorou, quis morrer e prometeu vingança. Todas nós já odiamos quem não nos quis, dois segundos depois amamos de novo e pensamos em perdoar tudo só para não ficar sozinha.

Você também achou o fim da picada, assim como eu, quando ela tentava seduzir o cara de quem gostava e parecia estar disposta a ir até os últimos suspiros do amor próprio e da dignidade. Você pensou e falou exatamente igual àquela sua amiga que brigava e tomava o celular da sua mão para você, completamente bêbada, não mandar um SMS pro seu ex.

Sei que você já teve vontade de dançar até o chão enlouquecida numa festa só para mostrar pro cara tudo o que ele estava perdendo. Sei também o quanto você já quis que ele te visse logo com outro pra acordar pra vida e sofrer tanto quanto você sofreu, e de preferência bem mais.

Não vou entrar no mérito da profissão que dizem que ela exerceu porque cada um faz o que quer da vida, não é mesmo? Antes de ser qualquer coisa, ela nos representou como as mulheres confusas, cobradas e impulsivas que somos. Além do mais, eu ADORO quando tabus são quebrados e os moralistas de plantão ficam putos por detectar que estão se tornando, no decorrer do tempo, uma minoria beeeeem pequenina. Meus parabéns não vão pra ela, vão para o povo que abriu a cabeça e deixou de frescura. E assim caminha a humanidade.

terça-feira, 22 de março de 2011

Trailer

Assim como eu, certamente você já achou que seu relacionamento era o mais difícil do mundo. Todos os casais já pareceram incrivelmente felizes como em final de novela. Eu sei muito bem o ódio que você sentiu quando estava muito puta com seu namorado pela milionésima vez pelo mesmo motivo e avistou dois amantes passeando pelo shopping de mãos dadas sorrindo pra vida e rindo um do outro, dando a maior impressão de que eles são assim 24 horas.

Dia desses tomei um susto ao saber que um casal, que eu tinha certeza ser o mais bem resolvido de todos os casais da Via Láctea, alimentava uma relação confusa. A informação veio de uma amiga em comum, que ao pé do ouvido disse: "a história deles é complicada." E aquilo pareceu mais grave do que eu imaginava, visto que eles estão prestes a se casar e a minha amiga não quis entrar em detalhes. Tenso.

Por mais que uma história de amor seja linda, ela tem seus altos e baixos. Em todo e qualquer relacionamento, inclusive nos de final de novela, a felicidade é mutável. No início há o entusiasmo e a euforia da novidade e da vontade de fazer tudo ao mesmo tempo e agora. De viver o amor como se fosse acabar a qualquer momento. Tudo é lindo, cor de rosa, romântico e ninguém quer estragar essa fase por nada. Mas o tempo passa, a paixão acaba e o belo se muda para outros departamentos.

Não é à toa que fazem piada com casamento e dizem que é uma instituição falida e que é muito dificil manter um. Ninguém nunca falou que era fácil. A cerimônia é linda e a lua de mel parece inesquecível. Mas é só um trailer. Vai assistir o filme depois pra você ver! Depois de pagar caríssimo para mostrar pra Deus e o mundo que vai ser feliz para sempre, entre as quatro paredes o casal realmente se casa e o filme começa.

No filme da vida real, o romantismo e a felicidade estão em fazer as pazes após uma briga homérica, em entender como você pode amar imensamente alguém tão cheio de defeitos, em ver como todas aquelas atitudes que lhe irritavam e tiravam seu sono simplesmente ficaram pequenas, em aprender a adivinhar o que o outro está pensando só pelo olhar e evitar uma confusão... O belo deixa de ser uma declaração de amor pública e se torna a mera lembrança de comprar sua fruta preferida na feira do mês.

terça-feira, 1 de março de 2011

Receba seu dinheiro de volta

Se você é mulher e tem mais de 20 anos, provavelmente já deve ter entendido que a vida não é uma comédia romântica hollywoodiana, e eu sei bem que o momento dessa descoberta foi bem chato. Nós meninas crescemos acreditando que os homens podem ser, sim, super fofinhos quando apaixonados e fariam o impossível para nos ter em seus braços porque, afinal, nós somos lindas, espertas e legais.

Tenho certeza que algum dia na sua vida você achou que seu ex-namorado cafajeste correria atrás de você no aeroporto, empurrando pessoas e convencendo guardas a entrar na sala de embarque para te pedir em casamento. Certamente, em algum momento, você ficou esperando conhecer o homem da sua vida numa fila de banco ou esbarrando com ele no meio da rua. Também aposto que já parou para questionar se aquele seu super melhor amigo não era, na verdade, apaixonado por você, mas tinha medo de se declarar. Tenho certeza que acreditou que poderia encontrar sua alma gêmea num chat ou que aquele gostosão do colégio acabaria caindo aos seus pés, mesmo você sendo gordinha, usando óculos fundo de garrafa e aparelho ortodôntico externo.

Amaldiçoadas sejam Meg Ryan, Julia Roberts, Jennifer Aniston, Drew Barrymore, Reneé Zellweger, Sandra Bullock, Kate Hudson, Katherine Heigl...que nos contaram histórias que até agora não aconteceram. Onde estarão Hugh Grant, Bradley Cooper, Richard Gere, Tom Hanks, Freddie Prinze Jr., Ryan Reynolds...? Pois é. Era tudo um filme com um maldito final feliz que te fez acreditar a vida toda que também podia acontecer com você.

Várias pesquisas apontam que comédias românticas podem prejudicar relacionamentos amorosos e até causar depressão. Ok. Antes de dizer que isso é um exagero, lembre-se que você já passou por pelo menos uma daquelas situações. Então, nada de esperar e querer que as pessoas adivinhem o que você pensa e deseja. Além do mais, imagina a merda que seria se você fosse impedida de fazer a viagem dos seus sonhos por causa daquele maldito filho da mãe! Nas filas de banco só tem idoso pegando nossa frente e as ruas estão cheias de guardadores de carro te chamando de "PRECESA". Muito provavelmente aquele amigão do peito seja gay, e bater papo na internet está ficando cada vez mais over. Fora que a probabilidade do garotão bonitão e saradão não ter nadinha na cabeça é gigante.

E vamo combinar: de um tempo para cá ficou muito mais fácil acreditar nas aventuras e suspenses policiais, né?

UPDATE: