terça-feira, 29 de junho de 2010

Subcoisas

É sempre assim: as pessoas vêm e vão, trazendo e levando outras pessoas especiais. Uma perda nunca é só uma, são várias. Objetos, família, amigos, lembranças, fotos, sorrisos, piadas internas.... Vai tudo e você fica sem saber o que era seu ou do outro. Ou dos dois. Não dá pra saber nem se você tem o direito de se despedir ou de recordar algo que veio no pacote e foi também.

Acho essa vida uma porcaria. Fico deprimida com essa história de que todo mundo é possivelmente descartável a qualquer hora e para qualquer um. São pessoas, pô! Que droga de ideia é essa?! É aí que eu vejo como nada faz sentido. Como a vida é pequena. Tudo acaba. O tudo vira nada em algum momento. Certeza.

Parece que Deus, o destino, o cosmos, o universo, Merlin ou sei lá o quê que eu ainda não decifrei, não satisfeito em te tirar UMA coisa, arrasta VÁRIAS subcoisas que, por sinal, são as mais complicadas de esquecer.

Eu resolvi chutar o balde e tentar fechar o ciclo me despedindo de quem eu acabei perdendo por tabela e quem eu nunca imaginei que fosse sentir falta e lembrar com tanta alegria. Foi triste, mas também foi válido. Vi que perdi de verdade, mas sei que também sou uma feliz lembrança.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Imperativo


Acho que acreditei em destino até o dia da minha primeira grande desilusão amorosa, ali pelos 20 e poucos anos. Depois meu pai mudou de religião e eu comecei a questionar por que há tantas ideologias diferentes no mundo e, assim, passei a perceber que eu não posso dizer que nenhuma está 100% errada e nem 100% certa. Tudo era, e ainda é, facilmente dubitável.

Se tudo está escrito, o que diabos eu estou fazendo aqui? Qual o poder que eu tenho e por que pensar tanto em como agir e quais decisões tomar? Acreditar em destino ou naquela máxima ridícula de que "o que tiver que ser vai ser" é me considerar sem importância nenhuma. É mais fácil eu acreditar em azar do que no acaso.

Eu acho até que nós escolhemos quem amar, sabe? No fundo cada um tem suas regras e preferências, e conseguindo equilibrar o amor próprio com o amor romântico, há uma grande chance de ser feliz para sempre.

Sempre quis ter o mérito em tudo. Lembro que quando era mais nova, detestava ter aula particular para passar por média. Se eu tivesse e passasse, não me sentia nenhum pouco satisfeita ou vitoriosa. Parecia que não tinha sido eu. Quero saber que posso fazer valer à pena o que a vida me oferece. Quero entender que quando algo dá errado é porque eu preciso aprender e não porque ia acontecer mesmo. Quero me decepcionar com alguém e me magoar para saber que esse alguém é que não sabe escrever um destino digno para si mesmo, e dessa forma, sair tranquila e de cabeça erguida.

Se estiver tudo escrito, rasguem minhas páginas. Quero arrumar minha própria bagunça e deixar tudo do meu jeito para ter moral de reclamar depois. Quero, inclusive, poder ajudar a arrumar a bagunça dos outros e me sentir útil. E como boa virginiana, organização é comigo mesmo!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Inércia


Não adianta. Não sei disfarçar nada. Nunca soube. Seria uma péssima atriz. Eufórica ou deprimida, todos me percebem. Não camuflo nada. Não sei fingir. Ah como eu queria...

Sempre guiada pelas emoções, ser indiferente é minha melhor defesa. Eu sei que é ruim, mas e daí? Agora sou eu que pergunto. Agora eu me dou o direito de calar. Até porque se eu falar, não sobrará nada de bom. Eu me conheço. Sei da minha fúria. Já é difícil manter as poucas boas lembranças que restaram, imagina se eu resolvesse não ignorar. No meu mundo justo e consciente, indiferença nada mais é do que ausência. Ausência de medo, de preocupação e principalmente de culpa.

Já que foi tudo destruído, que fique assim. Não tem sentido enfeitar, maquiar, fazer de conta que foi resolvido da melhor forma. Não foi. Não houve respeito ou consideração. Não foi dado o devido valor. Não houve cuidado e nem carinho. Como eu sempre disse: uma hora a conta chega. E se a farra foi grande e copos foram quebrados, o jeito é pagar sem achar ruim.

Não sou vingativa. Acho que vingança é algo triste e baixo. Tudo é apenas uma questão de Física: ação e reação. É assim que o mundo funciona. É assim que o coração me comanda. Com a pura verdade. E eu aprendi a lidar com ela, mesmo que incompleta. Mesmo tendo que catá-la em um buraco negro para ter que seguir. E cada dia que passa, e agora principalmente, a verdade tem se mostrado sempre mais. Assim vai ficando muito mais fácil. Quem agradece sou eu.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Você tem?

A palavra CARÁTER é constantemente utilizada quando vem acompanhada do adjetivo MAU. Raramente é citada ao lado do BOM. Isso porque é o tipo de coisa complexa de se definir e dá um peso do caralho quando encaixada em uma frase.

Qualificações à parte, o significado de caráter pode ser mais simples. Ou você tem ou não tem. Mas o que distingue um do outro?

Aprendi que todos erramos. Todos nós fazemos uma merda grande uma hora na vida. Ou duas, ou trës... E é aí que o caráter entra. Ou sai.

Toda a explicação está no depois. Quando uma pessoa de caráter comete um erro, logo em seguida ela sente o drama. Arrepende-se, tenta consertar, voltar atrás, pede desculpas, fica mal nem que seja em silêncio... Já os seres desprovidos dessa qualidade simplesmente ignoram. Um pequeno deslize ou uma tremenda sacanagem que eles fazem têm o mesmo valor: nenhum. Para eles, foda-se. Muitos nem consideram um erro propriamente dito.

Quem tem caráter percebe e aprende as lições que vêm de brinde junto das mancadas. Analisa, pensa, pondera, reflete e toma todo o cuidado do mundo para não repetir, por mais difícil que muitas vezes possa parecer. O caráter é meio que um instinto natural. Acho que está no DNA. É a mesma reação que os ratinhos de laboratório têm quando submetidos a um choque. Depois de tanto sofrer, em um dado momento a memória é acionada e ele começa a evitar pegar o queijo maldosamente posicionado.

É uma pena termos tantos queijos e tão poucos ratinhos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Neverland


Quando eu era criança e brincava de casinha, sempre queria ser a grávida. Colocava uns vestidos folgados e enfiava um lençol por baixo. Eu sei o nome da minha filha e imagino como vão ser os traços dela desde que eu tinha uns 12 anos. Como eu quero ter um casal, o nome do menino eu demorei um pouco pra decidir. Apesar de ainda ter dúvidas, pelo menos agora eu já tenho duas opções.

Sempre fui fascinada por crianças. Sento no chão, brinco, converso de igual pra igual, beijo, abraço, aperto... Ter um filho é uma meta real na minha vida. Tenho um instinto maternal inexplicável. Adoro cuidar, aconselhar, ajudar, amparar. Sinto uma satisfação imensa com esse poder.

Dei aula de ballet para meninas de 2 a 8 anos durante 1 ano e meio. Foi uma das melhores épocas da minha vida. Apesar do cansaço físico que dava, eu bolava de rir com elas. Nunca imaginei que tinha tanta paciência e sabedoria para lidar com crianças. Afinal, isso é um dom e não é qualquer um que nasce com ele.

Ainda me sinto meio criança e creio que isso é uma das minhas melhores características. Demorei para entender, mas acabei enxergando que ser espontânea e viver sem medo do que os outros vão pensar é deveras encantador. É como uma criança mesmo, que faz tudo o que der na telha só pelo fato de ser divertido sem se preocupar com as consequências.

E pensar que quando eu era menina não via a hora de crescer... Cada aniversário era uma alegria maior. Achava que aos 10 anos eu já seria adolescente e que com 18 ia poder fazer o que quisesse sem dar satisfações. Ah se eu soubesse! Como eu era feliz...

Ao mesmo tempo que amo crianças e me sinto meio que uma, tenho a segurança estranha de que vou ser uma excelente mãe. Daquelas que educam de verdade mesmo, sabendo o que está fazendo. Tomara que eu esteja certa.

Sei que nesse mundo doido de hoje, se a gente for parar pra pensar mesmo se tem ou não um filho, não tem de jeito nenhum. Mas eu nem penso e não conheço uma mãe sequer que tenha se arrependido. É meu maior plano de vida. Um dos poucos que tenho e vou concretizar fácil. Sou uma menina teimosa e birrenta e nada vai mudar isso. Quando eu crescer eu quero ser mãe!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Eis a questão


Tem três coisas que as pessoas dizem que é bom e que eu discordo totalmente: saudade, ciúme e paixão. Sentir saudade é sempre uma droga. Nem vem com essa! Lembrar de algo que você quer e não tem mais é frustrante. Ciúme é o cupim de todo e qualquer relacionamento. Não! Não é bonitinho e nem normal quando se gosta. Sentiu? Se não tiver motivo pra falar e vai só dar em briga, engula! E se apaixonar só é bom quando é recíproco e possível.

Aquelas malditas tremedeiras, uma insegurança insuportável, insônia, taquicardia, frio na barriga... Tudo isso só é bonito em poesia, filha. Na realidade, apaixonar-se é estressante. Você começa a se desgastar logo no começo, tentando descobrir se está mesmo apaixonado e se essa relação tem futuro. Porque, às vezes, por mais que a gente goste, há uma série de fatores que não colaboram para a concretização de um namoro ou sei lá o que.

Não é o meu caso, mas tem muita gente que se apaixona por quem não presta. Cerca de 90% das mulheres adoram cafajestes. Eu tenho fraqueza por bons moços, o que acaba sendo pior, pois eles só dão motivos para querer investir e me deixar ainda mais arriada.

Depois de finalmente detectar a presença desse sentimentozinho maldito, o desespero se eleva à máxima potência. É a hora de saber se seu objeto de desejo também sente algo por você. Caso não seja simples de adivinhar, o que normalmente não é mesmo, começa aquela frescura toda: Liga ou não liga? Manda mensagem? Dá um gelo? Abre logo o jogo? Nesse ponto, COMO SEMPRE, nós mulheres ficamos na pior e temos que pensar em toda uma estratégia. Afinal, os tempos são outros, mas os homens não. E por uma questão de segurança e amor próprio, declarar-se não é o mais indicado.

Eu e minha mania de sofrer por antecipação... Preciso me restringir à fase nº 1. Depois concluo esse post.