quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma questão de estilo


Entre o sapato novo perfeito e zerado e o velho confortável e passado, qual você escolheria? Pode parece fácil decidir, mas não é. O novo é lindo, sem nenhum arranhão e está super na moda. Mas é preciso amaciar para moldar direitinho e até lá, haja uso e calo. O velho já tem até o molde do seu pé, leva você para todos os lugares e te deixa tranquila e segura.

As amigas já estão de olho no sapato novo e dão o maior apoio para você usar. Você ainda nem sabe direito com quais roupas ele combina. Comprou meio que no desespero. Estava por um preço acessível e imperdível. O velho tem uns arranhões e você já teve que trocar a virola, pois aquele barulhinho estava insuportável.

O sapato novo não conhece os caminhos pelos quais você anda. Ele vai descobrir com sua ajuda. Talvez goste, talvez não. Talvez ele não aguente seu ritmo e quebre o salto. O surrado, se deixar, vai sozinho e você sempre sabe onde encontrá-lo. Mesmo com todos os consertos, será que vai chegar o momento em que não terá mais em que mexer? Se for preciso restaurar, mudar a cor e tudo mais, ainda vai ter graça?

Já passou aquela fase de inventar saídas para inaugurar o sapatinho novo e desfilar por aí. O velho é uma peça coringa que vai bem com vestido, calça jeans e shortinho. Você já escolhe o modelito a partir dele, tamanha a dependência. Mas também reconhece que ele está ultrapassado, apesar de gostoso de usar. Com o novo você tem que se preparar para um monte de calinhos e tropeços até ficar na forma certa. Se ficar.

Será mesmo que existe um sapato velho para todo pé cansado ou o que importa é estar sempre na moda?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Além...

Você tem uma alma gêmea? Não estou falando do amor da sua vida, mas de alguém cuja alma conhece a sua como a palma da mão e de quem você não consegue se separar nunca. Alguém cuja relação já teve de tudo e mesmo assim se fortalece a cada dia mais.

Alguém com quem você se entende com o olhar e que sabe exatamente o que você vai falar. É uma pessoa que te irrita e até te faz chorar, mas que você nem cogita a possibilidade de ficar longe. Você aprendeu naturalmente a perdoar, exercitar a paciência e relevar tudo, pois a ligação dos dois é muito maior. De verdade. Começa até a parecer algo meio incondicional, como amor de mãe.

Você fica triste só de pensar que esse alguém chegou a questionar essa amizade, pois na sua cabeça, é tudo tão grande e tão certo. As idas e vindas só confirmaram o quanto isso não tem fim, apenas se renova e muda conforme a fase da vida dos dois. O carinho, a preocupação e a sinceridade absoluta entre vocês só aumentam e se tornam cada vez mais fáceis e naturais.

Eu chamo de alma gêmea porque é algo de alma mesmo. Transcendental. A razão nunca conseguiu explicar. Nem ela e nem ninguém. Muito menos você. A empatia e segurança que vocês têm desde a primeira conversa despretensiosa no MSN são claras.

Algumas almas nem são tão gêmeas assim. Muito pelo contrário, são opostas. Talvez esse seja o grande lance. Você aprende a incrível beleza das diferenças. Aprender, por sinal, é um dos maiores diferenciais que esse alguém te proporcionou. Minha alma gêmea (oposta) me ensinou demais. E sabe disso. Aliás, há coisas que nem sabe não, mas ensinou direitinho.

Algumas almas são divisores de águas nas nossas vidas. Eu sou uma antes e outra depois. Muito melhor depois, diga-se de passagem. Até as críticas que eu tanto odeio me ajudam, pois virou uma questão de honra provar que ele está errado. E aí eu me empenho mais.

Sorte daquelas cuja alma gêmea é um namorado ou algo do tipo. A minha já foi de tudo e hoje é meu amigo. Um amigo chato que eu conheço tanto que sei o quanto ele mudou também. Um amigo que eu conheço de um jeito que eu nem me importo mais quando eu digo que o amo e já sei que ele não consegue dizer o mesmo e responde me abraçando, rindo, mandando um beijo e mudando de assunto.

Eu conheço tanto, que eu sei que ele vai ler esse post, vai se perguntar se é ele mesmo e vai pensar em comentar algo, ou simplesmente vai querer colocar um sorrisão bem grande no MSN. Na verdade, ele vai é querer fazer tudo diferente disso só pra eu não achar que estava certa.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Aprecie com moderação?

Vi um diálogo em um filme esses dias que questionava o seguinte: se nós gastarmos muito o amor ele acaba mais rápido? Ok, pode parecer confuso, mas pensemos como uma metáfora, tá?

Se levarmos em conta que o amor pode ser usado e explorado demais como uma bolsa ou um sapato velho, vai chegar o momento em que ele vai ficar feio e não vai mais servir nem pra ir na esquina. Quando eu falo de usar muito é exagerar na dose. São aqueles amores melosos, dramáticos e passionais em que um ou os dois se entregam de um jeito que começam a meter os pés pelas mãos. A pessoa fica ridícula, ciumenta, dramática e grudenta.

Essa teoria meio shakespeariana de se entregar de corpo e alma a um sentimento tão bonito pode acabar mais rápido com ele? O amor é perecível? Ou será que é preciso vivê-lo em doses homeopáticas? E se for, é mesmo possível?

É claro que tudo precisa de um limite. Até o limite precisa de limite, pois também é necessário se entregar um pouco, extravasar e apenas sentir sem racionalizar. Não somos máquinas. Porém, entregar-se cegamente e ultrapassar esse limite simplesmente porque ama demais e foda-se, não sei se é o caminho. Nesse exato momento, muitos poetas românticos se reviram no túmulo. Vinícius deve estar me amaldiçoando, eu sei...

Enfim, posso estar viajando, mas depois que assisti o tal filme comecei a ver todo um sentido nisso. Tomara que eu esteja errada, né? Ou não?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Balanço prévio

Meu ano começou fantástico. Praia de Copacabana, 2 milhões de pessoas, fogos, espumante até dizer chega, beijos, amor, pessoas queridas, mil promessas e planos. Alguém me perguntou, bem na hora da virada, o que eu queria pra 2010. Eu respondi facilmente: eu quero é ser feliz e mais nada! Tenho até o vídeo disso.

Era um ano bem previsível. Eu ia terminar meu TCC da especialização, trabalhar bem muito, noivar, viajar com o namorado, dançar no festival da academia e pronto. Mas muita coisa mudou. O namoro acabou, obviamente o noivado não rolou, sofri feito uma condenada, consegui trocar de carro, nem comecei a monografia, ganhei amigos novos, desenterrei os velhos, fiz meu blog e estou conseguindo mantê-lo, e vou fazer meu sonhado mochilão pela Europa.

Além de tudo isso, sabe o que foi melhor? Eu me vi crescendo. Só agora me dei conta. Hoje consigo lidar com as mais diversas situações e sair delas de forma elegante e sensata. Aprendi a distinguir mais um punhado de sentimentos dos quais antes eu nem sabia da existência. Adquiri o dom da paciência, apesar de ainda ter muito o que alcançar e, principalmente, o dom do silêncio. Não sinto mais tanta necessidade de ter uma resposta pra tudo que me falam e me tira do sério. Hoje eu sei que calar faz bem e que não importa se estão pensando que eu não tenho argumentos. Na verdade, acho que o que eu aprendi foi a sentir pena e, consequentemente, ignorar aquilo que não tem jeito.

Em 2010 também aprendi a detectar melhor as intenções e o posicionamento das pessoas. Hoje sou mais racional e a raiva está mais transparente, permitindo-me enxergar e refletir com mais clareza e, assim, tomar as decisões certas. Uma pena ainda ter gente que insiste em se condicionar a ver tudo da mesma forma e não conseguir sair do lugar. Hoje eu me calo e ignoro. E passe bem. Ainda acho o ser humano complicadíssimo e não quero enlouquecer pra entendê-lo. Deixo a tarefa para os psicólogos e psiquiatras que estudaram pra isso.

Adquiri a capacidade de aceitar o que não posso mudar, e sim criar novas oportunidades. Entendi que uma noite bem dormida faz milagres e que é preciso sofrer até a última gota para levantar linda, loira e preparada para a próxima tragédia. É, porque ela vai aparecer. Mesmo sabendo que o tempo cura tudo, também não se pode esmorecer e perder as horas. É preciso correr pra ser feliz o mais rápido possível.

Ainda estamos em agosto, mas já posso dizer que estou realizada. Os próximos meses já estão previsíveis de novo e eu acho que mereço que, desta vez, tudo realmente aconteça nos conformes.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Responda quem puder


Quando é mesmo o futuro? Dia desses lembrei de quando conversava com meu pai e ele comentava como ia ser a tecnologia dos próximos anos e me dei conta que esse futuro chegou e nós ainda estamos especulando como vai ser a vida mais pra frente.

Percebo muitas pessoas fazendo planos, tomando decisões, filosofando e se programando... A vida até parece uma eterna preparação sabe lá Deus pra que. Muitos planejam tanto que quando chega a hora nem se tocam e muito menos aproveitam.

Será realmente que vale a pena pensar várias vezes antes de agir, ponderar e adiar ou é melhor viver o presente porque ninguém sabe mesmo o dia de amanhã e para morrer basta estar vivo? É radical pensar assim? Eu não acho. Na verdade, eu sou defensora fanática do meio termo, apesar de ainda não tê-lo encontrado.

O que é o futuro? Daqui a três anos? Dez? Eu acho que o futuro que importa de verdade é amanhã. É para amanhã que você pode se programar com mais certeza. É a data mais próxima que você tem para ver os resultados das suas decisões e até lá rola tempo suficiente para respirar fundo e refletir mais algumas vezes. Se a gente pensar sempre dessa forma e planejar mais o dia de amanhã do que um tal futuro que ninguém sabe nem dizer quando é, quando menos se esperar vai se tocar que está vivendo um presente bacana e que fez e realizou tudo direitinho. Cuidado: esperar muito do futuro nos faz perder o foco do que está acontecendo no presente.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pretérito imperfeito

As coisas realmente mudam. Elas passam e vão embora quando a gente menos espera. A dor é uma delas. Quando ela chega, não tem pra ninguém. A gente cega e tem vontade de morrer, pois não consegue ter a menor previsão de quando vai passar. É preciso manter e escutar aquela voz baixinha da razão reforçando que o tempo vai resolver tudo. Do jeito dele, mas vai. O máximo que se pode fazer é administrar.

As pessoas são totalmente substituíveis. Sim, isso é triste, mas é só mais uma verdade que nós temos que aceitar. É como a morte. Paciência. A minha pergunta é: qual o valor do passado? Ouço muita gente dizer que "fulano fez parte da minha vida e é alguém especial". Mas será que ainda é mesmo ou dizer isso é apenas uma forma de camuflar o sofrimento? Não sei, mas acho que isso só prova a dificuldade que nós temos de lidar com os finais.

Lembrar é uma maneira de voltar e trazer à tona alguém que não tem mais espaço na sua realidade e ficou lá no passado. O quanto de consideração ou até satisfação uma pessoa lhe deve depois que a relação que teve com você terminou? Que "direitos" ela ainda tem? E será que tem? É necessário uma força fora do comum para encarar que passou e transformar esse passado em um simples item da nossa memória que, diga-se de passagem, vai ficando cada vez mais fraca ao longo do tempo. Sabe de uma coisa? Eu começo a achar que isso tem uma explicação. Se à medida que a gente envelhece a memória vai falhando é porque há fatos que precisam ser apagados. É a sábia força da natureza.

Para mim, o fator que determina se esse passado merece ter um lugar especial ou algum direito sobre o meu presente é a forma como tudo acabou. É o que de fato aconteceu. Quando há mágoas fica bem complicado. O coração e a própria razão criam uma barreira natural de defesa para afastar o que a memória emocional já registrou que não faz bem.

Mas a mágoa também acaba, né? E a raiva também. E normalmente elas vão embora junto com o amor, pois são sentimentos que andam de mãos dadas e não em lados opostos. E o grande lance, repito, é saber administrar para que tudo siga pelo melhor caminho. Aquele sem rastros e riscos de derrapagem.