quinta-feira, 20 de maio de 2010

Velha infância


"Depois de meses de angústia, dúvida, pressão e muito medo, Bia finalmente criou coragem. Em uma briguinha besta, terminou o namoro com Marcelo que, com toda razão, enlouqueceu enquanto assistia seu mundo desmoronar em minutos. Era noite de uma segunda-feira de agosto.

Na manhã seguinte, após uma madrugada de muita ansiedade e pouco sono, Bia chegou à faculdade com um único objetivo em mente: comunicar Pedro que ele, finalmente, havia conseguido o que tanto pediu à chuva que caía na piscina e se misturava às suas lágrimas.

Quando Pedro a avistou na porta da sala com um sorriso no rosto, qualquer palavra que Bia falasse seria desnecessária. Ele jogou os livros no chão e olhou pra ela, entendendo o recado imediatamente. Pedro apenas abriu os braços e abraçou Bia como se não quisesse soltar jamais, mesmo sem força nenhuma de tanto que tremia de felicidade.

Os dias que se seguiram foram vividos como se fossem os últimos. E talvez seriam, não fosse uma série de ironias e sentimentos que iam se revelendo no decorrer dos anos. (Mas isso fica para um próximo post) Ainda naquela mesma semana, foi o mundo de Bia que desmoronou. A verdade que foi mentira durante anos caiu sobre seu doce lar. Sua família ficou em pedaços e ela não tinha como juntá-los. Talvez nem quisesse.

Pedro seria seu suporte. E foi. No dia seguinte à tempestade, em mais uma tentativa de libertação e de esquecer suas dores, após a pergunta de Pedro, "tem certeza?", a aparente inocência de Bia foi levada. Se era para mudar a vida que fosse de uma vez.

Foram três ritos de passagem vividos em menos de sete dias. Bia estava abrindo o seu porão pessoal e descobrindo um baú cheio de armaduras que, dali em diante, fariam dela a guerreira que é hoje. Mal sabia ela que a vida adulta estava apenas começando."


Trecho do livro que eu preciso escrever um dia.

Um comentário:

  1. Menina! Tu tem que escrever esse livro ontem!!! Doida pelo próximo capítulo... Bjo

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