sexta-feira, 30 de abril de 2010

Santa gula

O estômago é um órgão tão sensível quanto o coração. Diante de qualquer mudança de humor ou do surgimento de um novo problema, ele sente a novidade imediatamente e ataca sem piedade, seja através de dores, daquele friozinho na barriga ou de alterações no apetite. Distúrbios alimentares a parte (isto já é um outro nível de loucura), o estômago reflete todos os efeitos emocionais e psicológicos de maneira exata.

Algumas mulheres comem muito quando estão ansiosas, deprimidas ou irritadas. Elas sentem desejos inesperados ou simplesmente se alimentam como se não houvesse amanhã. É uma espécie de carência, um vazio que precisa ser preenchido com algum tipo de prazer. Outras perdem completamente o apetite e chegam a adorar a situação, pois perdem aqueles três quilos a mais que há anos colecionam. Eu me encaixo no segundo grupo. Qualquer tipo de comida, simplesmente, não me desce. Ainda forço, mas na primeira garfada já rola uma ânsia.

Na terapia, perguntei à psicóloga por que isso acontece. A explicação foi simples e precisa: eu sou cheia. Cheia de argumentos, conceitos, opiniões, justificativas, motivos e por aí vai... Ou seja, não há espaço para mais nada, nem comida. O esquema é relaxar, esperar as explicações aparecerem com o tempo ou simplesmente não querer mais explicação nenhuma. Eu fiz minha escolha.

Quando eu sinto fome é um excelente sinal. Sinal de que estou mais leve, mais vazia, mais aberta a novos problemas, novos motivos, novas explicações. E justo agora me veio um desejo incontrolável de devorar um sonho.

Um comentário:

  1. Pra ficar lindo, alteraram o formato do coração. É muito romântico dizer "... do fundo do meu coração". Mas como dizem os médicos, a sensação do amor está no fundo do estômago. É la que a gente sente o aperto e as pontadas nos piores e melhores momentos da vida. =)

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